Pelo menos 230 pessoas morreram e mais de 200 ficaram feridas num duplo atentado em Mogadíscio, Somália, este sábado. Os terroristas utilizaram dois camiões repletos de explosivos. O primeiro foi detonado nas mediações de um hotel e o segundo duas horas depois num distrito da cidade fortemente povoado e com inúmeros estabelecimentos comerciais.
O atentado foi o mais mortífero na história da Somália, um país que tem sido alvo de inúmeros ataques terroristas nos últimos anos.
"Nos nossos dez anos de experiência como socorrista em #Mogadíscio nunca vimos nada assim", tweetou o serviço de ambulâncias Aamin. Os serviços de emergência hospitalares ficaram sobrecarregados com o número de feridos que começaram a chegar poucos minutos depois da primeira explosão e apelaram a toda a população para se dirigir aos hospitais para doar sangue. O directo do Hospital Medina, Dr. Mohamed Yusuf, afirmou que as equipas médicas ficaram "sobrecarregadas com os mortos e feridos" e que "isto é horrível, e não se assemelha a qualquer outro momento do passado". As autoridades receiam que o número de mortos suba nas próximas horas
"Não há nada que possamos dizer. Perdemos tudo.", disse Zainab Sharif, mãe de quatro filhos que perdeu o seu marido.
Entretanto, o presidente Mohamed Abdullahi Mohamed declarou três dias de luto nacional e juntou-se ao apelo para as pessoas se dirigirem aos hospitais para doarem sangue. O governo somali acusou o grupo terrorista Al-Shabab de estar por detrás do atentado, apesar deste ainda não ter sido reivindicado. O primeiro-ministro somali, Hassan Ali Khaire, afirmou "eles [Al-Shabab] tiveram como alvo a zona mais populada de Mogadíscio, matando apenas civis".
É de referir que o atentado ocorreu apenas dois dias depois do chefe do comando norte-americano no continente africano se ter reunido com o presidente somali.
A Al-Shabad está afiliada à Al-Qaeda e tem, nos últimos anos, realizado uma série de atentados terroristas contra civis em Mogadíscio, especialmente contra hoteis com forte frequência de estrangeiros. A organização terrorista pretende depor o fraco governo apoiado pelas Nações Unidas e pela União Africana.
Analistas defendem que este ataque demonstra que a organização acredita ser forte o suficiente para realizar um ataque tão agressivo e mortal como o de ontem. Contudo, a Al-Shabab tem perdido território para os militares enviados pela União Africana, apoiados por drones norte-americanos, o que pode estar relacionado com o ataque, na medida em que a organização necessita de demonstrar força para não perder credibilidade.