Dezenas de milhares de catalães saíram esta terça-feira à rua para protestarem a prisão incondicional que na segunda-feira foi decidida contra todas as expectativas para dois líderes independentistas, que agora estão em cativeiro na capital espanhola.
“Infelizmente, voltámos a ter prisioneiros políticos”, lançou o presidente da Generalitat catalã, Carles Puigdemont, reagindo às prisões de Jordi Sánchez e Jordi Cuixart, o primeiro presidente da Assembleia Nacional catalã e o segundo o líder da organização cultural Òmnium.
O processo independentista está de novo em contra-relógio. Puigdemont e o governo catalão dizem que nada têm a acrescentar ao que já disseram na segunda-feira das prisões, quando se recusaram a dizer explicitamente ao governo de Mariano Rajoy se declararam independência ou não.
Em vez disso, afirmaram que a declaração está assinada, mas que não avançará por algumas semanas, esperando um movimento de diálogo de Madrid. O governo espanhol, por sua vez, insiste no ultimato anunciado para quinta-feira, dia em que, na ausência de uma explicação agradável do lado catalão, pode acionar enfim o Artigo 155.
Se o fizer, suspendem-se a autonomia política e securitária da região autonómica.
Os movimentos independentistas anunciaram esta terça-feira uma grande mobilização para sábado e a CUP – o partido mais radical na maioria catalã – assegurou também esta tarde aos jornalistas que a república será proclamada nos “próximos dias”.
Antes do fim de semana, porém, podem dar-se mudanças importantes. O Tribunal Constitucional ilegalizou esta terça-feira e de vez as leis com que os independentistas catalães procuravam enquadrar uma possível independência – antes havia-a apenas suspendido.
Já o “El País” avança que a procuradoria espanhola prepara um plano para conseguir a prisão do comissário maior dos Mossos d’Esquadra, Josep Lluís Trapero, que na segunda escapou à prisão incondicional de ambos os Jordi.