O governo enfrenta na terça-feira a primeira moção de censura. A iniciativa é do CDS que, pela voz de Nuno Magalhães, desafiou a esquerda a avaliar se “houve ou não falhas graves” no combate aos incêndios.
O líder parlamentar do CDS garantiu, na apresentação da moção, no parlamento, que “esta censura dá voz à indignação de muitos portugueses que se sentem abandonados e perderam a confiança no governo, o primeiro responsável pela condução do Estado”.
A moção de censura levaria à queda do governo se fosse aprovada, mas esse cenário está praticamente afastado, já que não conta com o apoio do PCP e Bloco de Esquerda. João Oliveira, líder parlamentar dos comunistas, defendeu que a iniciativa é “uma tentativa de aproveitar uma tragédia com a dimensão que teve este ano para retirar dividendos por parte do CDS, que não podem, de forma alguma, ser acompanhada pelo PCP. Naturalmente, o PCP votará contra ela”. O líder do grupo parlamentar do PCP realçou, no entanto, que o chumbo da moção de censura “não reforça o governo”. Também a deputada Heloísa Apolónia, do PEV, anunciou o voto contra e criticou o CDS por não estar a “contribuir para soluções”.
O Bloco de Esquerda ainda não anunciou formalmente a sua posição, mas Catarina Martins, no debate quinzenal, classificou a iniciativa dos centristas como “um truque grotesco”.
Já os socialistas, pela voz de Carlos César, líder do grupo parlamentar, mostraram-se “muito confiantes que a discussão e o resultado da votação da moção de censura culminarão numa manifestação de confiança e de estabilidade no governo e na política portuguesa”.