O presidente da Liga de Bombeiros Portugueses (LBP), Jaime Marta Soares, acusou o Governo, em declarações à Lusa, de não refletir as medidas anunciadas na sequência do Conselho de Ministros e de se deixar levar por uma resposta emotiva e precipitada.
"Mal vai um país quando é assim governado por emoções, e por decisões [tomadas] porque tem de se dizer qualquer coisa ao país", disse o presidente à agência de notícias. Jaime Marta Soares defende que as decisões tomadas não devem ser precipitadas e que as entidades em questão, como os bombeiros, a Marinha, o Exército, a Força Aérea e a GNR devem ser ouvidas. "A emoção não deve deixar de dar lugar primeiro à razão", acrescenta.
Para o presidente da LBP, a resposta tem de se traduzir em "reformas que, daqui a meia dúzia de anos, não nos estejamos a arrepender, como estamos a arrepender destas, que têm dez anos e que poderiam ter sido melhor se os bombeiros tivessem sido ouvidos". Por isso mesmo, Jaime Marta Soares critica o Governo de não ter tirado "uns dias" para refletir e por anunciar as novas medidas aos bombeiros sem antes falar com os operacionais. "[Os bombeiros] não são propriedade do Estado", lembrou.
Apesar de apoiar a profissionalização dos bombeiros, que foi uma das medidas anunciadas depois do Conselho de Ministros, o presidente da LBP afirma que é necessário explicar ao país que se trata de uma consequência do "mau tratamento" e da situação que considera "dramática" em que a floresta ficou depois de sucessivas políticas de vários governos. "De um momento para o outro, aparenta que os bombeiros não foram capazes", explica.
Para Jaime Marta Soares, se é preciso pedir contas sobre os incêndios que assolaram Portugal nos últimos meses, não é aos bombeiros que têm de fazer, mas sim às estruturas do Estado. Os bombeiros "fizeram bem aquilo que tinham que fazer" e com "sentido de missão".
Sobre a medida que coloca a gestão dos meios aéreos nas mãos da Força Aérea, o presidente da LBP diz estar de acordo. No entanto alerta que é necessário saber quantos aparelhos vão ser adquiridos pelo Executivo e como vai ser feita a gestão durante o ano. "Não pode ser só por um calendário de época, temos de estar preparados para qualquer momento", frisou.