1. FOGOS. A seguir a Pedrógão escrevi aqui que me parecia fundamental responder a uma questão: porque é que em Portugal a floresta arde mais do que em países comparáveis. É o tipo de floresta? É a limpeza desta? É a sua propriedade? É a preparação dos bombeiros? É a cadeia de comando? É o material? São as leis? É a sua aplicação? E quais são as melhores práticas relativamente a cada um destes aspetos? Chama-se a isto ‘benchmarking. Este tipo de análise ‘construtiva’ – imitar os melhores – parece-me essencial. Presumo que terá sido feito, não sei se pela Comissão Técnica Independente. Mas, se não, urge fazê-lo. A seguir, deveria vir um plano de implementação com responsáveis e métricas intermédias explícitas. As pressões para aumentar as verbas orçamentais dedicadas á proteção civil e ao combate aos fogos florestais vão ser muitas. O primeiro-ministro quererá fazê-lo para mostrar que se interessa. Mas, sem um plano, atirar dinheiro para o problema é queimá-lo. A nomeação para o MAI de alguém com peso político e muito próximo do primeiro-ministro mostra que ele está preocupado. Só o tempo dirá com o quê. Com o encontrar e aplicar verdadeiras soluções? Ou meramente com o minimizar os estragos de imagem e controlar a narrativa?
2. A PROPÓSITO DO BREXIT. Iniciou-se na quinta-feira da semana finda uma reunião do Conselho Europeu que poderá desbloquear as negociações do ‘divórcio’. Sou dos que acha que é ainda possível que o RU permaneça na UE. Mas esta tem de ajudar. E ao ajudar o RU poderá estar a ajudar-se a si própria. A geometria variável ou as diversas velocidades têm abandonar o índex dos conceitos proibidos na construção europeia. É necessário admitir vários círculos de integração que podem contemplar quer a integração política quer algumas restrições à livre circulação de pessoas. Seria o chamado ‘win-win’.