FIFA. Ronaldo vezes cinco: 2018 é o ano da verdade

O astro português foi eleito pela quinta vez (segunda consecutiva) como melhor jogador do mundo pela FIFA, igualando Messi. Venha de lá 2017/18 – ano de Mundial…

Surpresa? Nenhuma. Cristiano Ronaldo foi eleito pela FIFA como o melhor futebolista do mundo na época 2016/17, numa distinção para a qual era visto como o grande favorito já desde que, a 3 de junho, marcou dois golos a Gianluigi Buffon na final da Liga dos Campeões, desempenhando um papel fulcral para que o seu Real Madrid conquistasse a prova-rainha do calendário futebolístico europeu pelo segundo ano consecutivo – e sendo o seu máximo artilheiro, com 12 golos em 13 jogos. Uma semana antes, havia já festejado igualmente a vitória na Liga espanhola, coroando uma época quase perfeita a nível coletivo – junte-se a estes troféus também a conquista do Mundial de clubes em dezembro.

Todos estes argumentos davam pouca margem de manobra aos adversários diretos: Messi e Neymar, cujos golos não chegaram para apagar o fracasso coletivo da temporada do Barcelona. E assim foi: na quinta distinção de melhor do mundo para a FIFA – a da Bola de Ouro chegará em dezembro –, Ronaldo venceu com uma percentagem recorde (43,16 por cento, que só ficam aquém dos 47,88 de Messi em 2011), contra 19,25 do argentino e 6,97 do brasileiro, numa votação feita por representantes de órgãos de comunicação social de todo o mundo, selecionadores nacionais, capitães das seleções e adeptos, que podiam votar no site da FIFA. Todos tiveram um peso igual no resultado final (25 por cento cada).

Na hora de subir mais uma vez ao palco e receber o troféu das mãos de Diego Maradona e Ronaldo – o brasileiro –, o capitão da Seleção nacional furou o protocolo oficial, falando primeiro em português e só depois em inglês, e voltou a frisar aquilo que, para si, explica o sucesso e a presença no topo do mundo durante tantos anos. “Há 11 anos que venho a este palco. Talento, trabalho duro, muita dedicação. Isto era algo que sempre ambicionei”, salientou na língua materna, antes de agradecer à família e, já em inglês, pedir um aplauso para os concorrentes Messi e Neymar.

Messi vai lançado

Sobra agora um desafio, quiçá o derradeiro a nível individual, para Cristiano Ronaldo: ocupar sozinho o trono do futebol mundial. Neste momento, o CR7 partilha a liderança das distinções de melhor do mundo com Messi: cinco para cada. O argentino ganhou quatro de rajada, entre 2009 e 2012, e novamente em 2015, enquanto Ronaldo celebrou em 2008, 2013, 2014, 2016 e agora em 2017.

Não será fácil repetir esta conquista no próximo ano. Para já, a temporada 2017/18 não está a sorrir particularmente ao internacional luso – apesar dos números que noutro jogador qualquer seriam considerados estonteantes: sete golos em dez jogos. Mas é de Ronaldo que estamos a falar, e dele espera-se sempre mais e mais. O começo de temporada do Real Madrid também não foi famoso, e assim se explicam os cinco pontos de distância para o Barcelona, por agora o líder incontestado da Liga espanhola. Levado às costas… por Messi, claro está: o argentino soma 15 golos em 14 jogos.

Da conquista de nova distinção de melhor do mundo em 2018, muito – ou quase tudo – dependerá da prestação coletiva dos dois clubes, em Espanha e na Liga dos Campeões, mas também do que as seleções de Portugal e Argentina fizerem no Mundial do próximo verão.

Há ainda outro fator que joga a favor de Messi: a idade. O argentino conta neste momento 30 primaveras (celebra 31 anos em junho próximo), enquanto Ronaldo já vai completar 33 em fevereiro. Se formos pelas palavras de Fernando Santos, tal não é problema algum. “Por vontade dele, vai até às dez! Ele tem sempre uma ambição tremenda, quer sempre ser perfeito e vai continuar a procurar a perfeição, com uma dedicação extrema. É um exemplo para todos”, atirou o selecionador nacional em declarações ao site da Federação Portuguesa de Futebol, completando: “É justíssimo, toda a gente esperava que assim fosse. Ninguém no futebol duvidava que o Cristiano Ronaldo vencesse este ano. Foi um ano soberbo.” Estaremos cá para o ver lá chegar.

Onze anos seguidos no topo

Além do prémio supremo, Cristiano Ronaldo voltou a marcar presença no onze do ano da FIFA (FIFPro) pela 11ª época consecutiva. Do Real Madrid, foram mais quatro os eleitos: Sergio Ramos, Marcelo, Modric e Kroos. Buffon, da Juventus, foi o guarda-redes – ele que havia pouco antes sido igualmente eleito como o melhor guardião da temporada, num prémio instituído precisamente nesta cerimónia. Aí, levou a melhor sobre Keylor Navas, do Real Madrid, e Neuer, do Bayern Munique. Dani Alves e Bonucci, que consigo partilharam o balneário da Vecchia Signora na temporada passada, figuram igualmente na equipa do ano, aos quais se juntam Iniesta, Messi e Neymar, todos pelo que fizeram ao serviço do Barcelona em 2016/17 – para estas contas ainda não foi tido em consideração o rendimento do avançado brasileiro no PSG, para onde se mudou em agosto.

Também sem qualquer surpresa, Zinedine Zidane foi o treinador do ano, sucedendo a Claudio Ranieri, com a selecionadora holandesa a ganhar o prémio na versão feminina, após levar a Laranja à vitória no Europeu da categoria – também por essa razão, Lieke Martens arrecadou o prémio de jogadora do ano.

Destaque também para o prémio Puskás, entregue ao francês Giroud, do Arsenal, pelo magnífico golo “escorpião” apontado no início do ano ao Crystal Palace, e ainda para o prémio fair-play, cujo destinatário foi um jogador que passou despercebido pelo futebol português (Olhanense) em 2013/14: Francis Koné, avançado natural do Togo que em fevereiro salvou a vida a um adversário em pleno campo, durante uma partida do campeonato da República Checa.