Cerca de 45 imigrantes encontram-se neste momento a protestar em frente às instalações do Serviço Estrangeiros e Fronteiras, perto do Marquês de Pombal, contra a resposta tardia dos seus processos de legalização, sendo que alguns deles se encontram à espera dos documentos de residência há dois e três anos.
Os imigrantes, que na sua maioria trabalham no setor da agricultura, vieram de todo o país, mas principalmente do Alentejo e Algarve, para obterem respostas sobre a sua situação no país.
“Protestamos porque não nos dão o cartão de residência. Paguei as taxas para fazer os documentos há dois anos e ainda estou à espera deles. Há pessoas que chegaram há um mês e que os recebem e nós, que estamos aqui desde 2015, não os recebemos”, disse Shaid Buttah ao SOL. “Viemos para este país para trabalhar e não podemos. Temos de esperar, esperar e esperar”, afirmou. “Não vamos sair daqui. Precisamos e queremos respostas. Viemos de longe para ficarmos aqui, de diferentes cidades por todo o país”.
Shaid Buttah referiu ainda que “ninguém quer saber de nós” e que “o meu patrão diz que se me quero ir embora, que vá”, referindo-se à falta de proteção social da qual os imigrantes são alvo no país.
“Continuamos a receber cartas de pessoas que estão há 40, 35, 24 meses a trabalhar e a descontar” e que “continuam a aguardar um título de residência ou um despacho favorável ao seu processo”, disse Anabela Rodrigues, dirigente da Associação Solidariedade Imigrante, ao SOL em entrevista.
A associação calcula “em cerca de 30 mil” os imigrantes em situação irregular em Portugal, referindo as condições muito díficeis em que vivem, principalmente na agricultura. “Dividem casas entre 4,5 e 8 pessoas, porque se quiserem arrendar casa não conseguem por não terem condições para isso”, afirmou. “Há casos em que o patrão não paga porque a pessoa não tem o número de segurança social, ficando em situações de vida muito difíceis”, explicou.