Os independentistas catalães parecem dispostos a concorrer às eleições autonómicas de 21 de dezembro, apesar de rejeitarem a aplicação do artigo 155, a destituição do governo, a ingerência espanhola e, portanto, os próprios mecanismos que provocam uma ida antecipada às urnas.
Os principais partidos da coligação Junts pel Sí, Esquerra Republicana (ERC) e PDeCAT, anunciaram esta segunda-feira que vão concorrer às eleições de dezembro, embora afirmem também que o modelo de candidatura só estará decidido nos próximos dias.
“Encontraremos uma maneira de participarmos nessas eleições porque são mais uma forma de consolidar a República e não vamos desaproveitar nenhuma ocasião”, disse esta segunda o porta-voz do ERC, Sergi Sabrià.
As declarações surgiram apenas momentos depois da coordenadora-geral do PDeCAT, o partido do destituído presidente catalão Carles Puigdemont, também ter afirmado que se apresentará nas urnas em dezembro.
A dúvida está em saber se a Junts pel Sí ficará intacta e em condições de renovar a maioria alcançada em 2015, quando se aliaram aos anticapitalistas da CUP – o partido, o mais radical na aliança, anunciou no domingo que não exclui a ida às urnas de dezembro e que a questão será colocada aos militantes.
Ahora, voto. En CAT, de los sondeos de octubre, uno (GESOP) da mayoría absoluta al independentismo y tres (S2, NC, Sociométrica) no. pic.twitter.com/xJnVBMnTBH
— Jorge Galindo (@JorgeGalindo) October 30, 2017
A ERC, por exemplo, tem vindo a sinalizar desagrado com a aliança formada em 2015 e as sondagens indicam que ficaria em primeiro caso a coligação se desintegrasse. Já o PDeCAT terá quase certamente de encontrar novo líder: Puigdemont prometeu não se recandidatar e muito dificilmente estaria em condições legais de o fazer.
As sondagens sugerem que ERC, PDeCAT e CUP ficariam hoje abaixo dos resultados de 2015 e sem maioria. No entanto, na média das três consultas de outubro indicam que os partidos não estão longe do objetivo: rondam os 60 a 70 assentos, próximos do limiar de 68 para a maioria mas aquém dos 72 atuais.
O sociólogo e colunista do “El País”, Jorge Galindo, sublinha porém uma fragilidade na aliança: as sondagens indicam que um terço de eleitores do Junts pel Sí ficariam satisfeitos com mais autonomia catalã e não desejam necessariamente a independência. Porém, entre 75% e 83% dos catalães, desejam um referendo.