Carles Puigdemont, presidente do governo catalão destituído por Madrid, afirmou, em entrevista ao canal televisivo belga RTBF, estar "disposto a ser candidato" nas próximas eleições autonómicas de 21 de dezembro, mesmo que seja a partir do estrangeiro.
Questionado sobre a sua ida para Bruxelas e por não ter comparecido à convocatória para prestar declarações à Audiência Nacional na passada quinta-feira, Puigdemont garantiu: "Eu não fugi, mas é impossível preparar-me bem", referindo-se à sua defesa face a justiça espanhola.
O líder catalão ainda afirmou que deseja comparecer perante os juízes, mas da "verdadeira Justiça, e não perante a Justiça espanhola".
A televisão belga lançou uma parte da entrevista no seu website, sendo que a integral será emitida hoje à noite.
Recorde-se que a justiça espanhola emitiu, ontem, um mandado de captura e prisão nacional e europeu contra Puigdemont. O líder catalão afirmou que só regressaria a Espanha se tivesse "garantias imediatas de um julgamento justo, com separação de poderes". O seu advogado de defesa, Paul Bekaert, afirmou que "ninguém pode ficar surpreendido por haver uma ordem de prisão" contra o seu cliente e garantiu que Puigdemont reagiu ao emissão do mandado "com muita calma e determinação, como sempre".
De acordo com a lei espanhola, Puigdemont poderá, caso seja julgado e condenado, enfrentar uma pena de 30 anos de prisão por ter avançado com o processo independentista catalão e por ter proclamado a independência e a formação de uma nova República catalã.
Nas últimas semanas a Justiça espanhola tem avançado judicialmente contra uma série de líderes independentistas, levantando dúvidas sobre a politização da justiça e separação de poderes.
Ontem, a juíza Carmen Lamela, da Audiência Nacional espanhola, decretou a prisão preventiva para Oriol Junqueras, vice-presidente do governo catalão destituído, e para os outros sete conselheiros que prestaram declarações.
Ao mesmo tempo, o juiz do Supremo Tribunal espanhol, Pablo Llarena, acedia ao pedido dos advogados de defesa dos membros da mesa do parlamento catalão para se adiarem as declarações até 9 de novembro, próxima quinta-feira. Não obstante, o juiz decretou também a vigilância policial contra os acusados de rebelião, sedição e desvio de dinheiros públicos para se organizar o referendo de 1 de outubro.
Os líderes das associações independentistas Assembleia Nacional Catalã e Òmnium Cultural, Jordi Sànchez e Jordi Cuixart, respectivamente, detidos em prisão preventiva desde o final do mês passado. Ambos são acusados de terem liderado e encorajado os protestos pacíficos de 20 e 21 de setembro, impedindo a polícia nacional de sair das instalações do Ministério da Economia.