“Não é verdade que o orçamento da Defesa dos Estados Unidos para 2018 estebeleça essa possibilidade de usos adicionais”, disse hoje Vasco Cordeiro depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, ter afirmado ontem no parlamento em alegada “primeira mão” que os EUA garantiriam esses usos da Base das Lajes.
“É já conhecido o texto que resulta do trabalho conjunto entre a Câmara de Representantes e o Senado para o orçamento da Defesa norte-americana para o próximo ano, justamente a expressão usos adicionais para a base das Lajes está presente”, afirmou ontem Santos Silva.
Vasco Cordeiro, também do PS, e presidente do governo regional dos Açores, desmente, clarificando hoje aos jornalistas que essa “era uma proposta da Câmara dos Representantes que não teve aceitação no Senado” e que na formulação final da lei de orçamento de Defesa dos Estados Unidos para 2018 “não consta”.
“Consta no relatório do trabalho que foi feito entre a Câmara dos Representantes e o Senado, mas não consta da lei”, vaticina Cordeiro. Essa diferença será importante, na medida em que o facto de não constar na lei “representa um recuo” na posição norte-americana acerca da sua presença nas Lajes. “O facto é que nas leis de orçamento de Defesa de 2014, 2015 e 2016 constava uma referência expressa na lei quanto à base das Lajes”, tendo deixado de constar. Para Vasco Cordeiro, isso deve “merecer uma leitura por parte do Estado português”.
Sobre as declarações de Santos Silva, o presidente da região autónoma considerou que “para sermos rigorosos o que é preciso dizer é que não é verdade que o orçamento da Defesa dos Estados Unidos para 2018 estabeleça possibilidade de usos adicionais” das Lajes, precisamente aquilo que o ministro dos Negócios Estrangeiros assegurara “em primeira mão”, esta quarta-feira na Assembleia da República. “Não sei se o senhor ministro se enganou…”.
O PSD reagiu, na voz do deputado António Ventura, questionando “qual a credibilidade [de Augusto Santos Silva] para continuara a negociar o dossier da Base das lajes com os norte-americanos” depois de o governo regional, “até da mesma cor política”, vir contradizê-lo.