Mundial 2018. Cabeça-de-série significa facilidades? Nem sempre

Com o apuramento do Peru, ficaram conhecidos os 32 países que estarão presentes no Campeonato do Mundo do próximo verão. Portugal está pela primeira vez no pote 1, o que é bom – à partida…

A vitória do Peru sobre a Nova Zelândia (2-0), na madrugada passada, determinou o último apurado para o Mundial do próximo verão, na Rússia. Assim, são já conhecidos os 32 países presentes no maior certame internacional de seleções a nível futebolístico, bem como os potes para o sorteio, que terá lugar no próximo dia 1 de dezembro, no sumptuoso Palácio Estatal do Kremlin, em Moscovo. O desfecho do embate entre Peru e Nova Zelândia ditou o destino de Dinamarca e Sérvia, mas nada mexeu com Portugal, que já tinha um lugar no pote 1 – o dos cabeças-de-série – garantido desde que selou o apuramento, algo que irá acontecer pela primeira vez na História.

Para já, uma certeza: Portugal não poderá ficar no mesmo grupo de tubarões como Alemanha, Brasil, Argentina, França ou a anfitriã Rússia – além da Bélgica e da Polónia, as outras seleções que compõem o pote 1. Todas as outras equipas a concurso são suscetíveis de ficar no grupo da seleção comandada por Fernando Santos, com destaque para a Espanha, uma natural favorita à vitória final e que será a equipa mais indesejada do pote 2 – um agrupamento que integra ainda outros dois antigos campeões mundiais: Inglaterra e Uruguai. É preciso lembrar, em relação ao sorteio, que não poderá haver seleções da mesma confederação no mesmo grupo. A exceção é a UEFA, devido ao elevado número de equipas europeias presentes na prova.

 

Quando o estatuto assusta

Teoricamente, ser cabeça-de-série é sempre um empurrãozinho para o apuramento. Mais que não seja pela possibilidade adquirida de evitar as seis seleções mais fortes do mundo – pelo menos de acordo com o ranking da FIFA –, mais o país anfitrião.

Até este ano, Portugal nunca havia conseguido esta benesse. Esta é, de resto, a primeira edição em que a distribuição de todos os potes é feita de acordo com o ranking mundial – em todas as provas anteriores, só o pote 1 obedecia a essa regra, com os restantes a ser distribuídos de forma geográfica. O agrupamento das equipas em potes é feito através do ranking FIFA de outubro, ou seja, as seleções são arrumadas pelos pontos que fizeram até àquele mês – e antes ainda da última data FIFA, que contemplou os play-offs finais e onde Portugal venceu a Arábia Saudita e empatou com os Estados Unidos.

São vários os exemplos, contudo, de cabeças-de-série que se deixaram surpreender – ou não fosse essa a beleza deste jogo. Em 2014, por exemplo, Espanha, então campeã em título, não conseguiu sequer passar da fase de grupos, sendo eliminada por Holanda e Chile. Quatro anos antes, havia sido a Itália – curiosamente, também a defender o título mundial conquistado na edição anterior – a desiludir, terminando em último lugar num grupo com Paraguai, Eslováquia e Nova Zelândia. Aqui, a África do Sul também era cabeça-de-série, fruto do estatuto de anfitriã, e caiu igualmente logo na primeira fase, atrás de Uruguai e México, embora com o ponto de honra de ter terminado à frente da poderosa França.

 

A chico-espertice polaca

Podemos já falar de um vencedor antecipado, pelo menos no que respeita à forma como conseguiu estar junto a Portugal no pote dos cabeças-de-série, em detrimento de Espanha. Trata-se da Polónia, que garantiu o sexto lugar no ranking FIFA devido a uma gestão absolutamente criteriosa nos jogos que realizou desde o Euro 2016, onde chegou aos quartos-de-final – só caiu aos pés de Portugal e através do desempate por grandes penalidades.

Desde novembro de 2016 e até outubro passado, a Polónia só efetuou um jogo particular, frente à Eslovénia (1-1). Ao longo de praticamente um ano, os polacos disputaram apenas os jogos da fase de apuramento para o Mundial, nos quais somaram oito vitórias, um empate e apenas uma derrota – um registo que lhes valeu o primeiro lugar do grupo E e a presença assegurada na Rússia. Deste modo, os polacos garantiram um lugar nos sete primeiros do ranking e, consequentemente, no pote 1 do sorteio para o Campeonato do Mundo – uma chico- -espertice que não voltará a repetir-se, agora que a UEFA vai implementar a Liga das Nações, uma competição não oficial entre todas as seleções europeias que vai ocupar as datas dos jogos particulares, retirando a cada país a possibilidade de escolher os adversários para efetuar os seus jogos particulares.