A banca portuguesa continua a emagrecer a sua estrutura por meio da redução do número de trabalhadores, com o objetivo de reduzir custos e melhorar resultados. De 2014 até ao final do ano passado, dispensou quase 6500 bancários. Este número vai engrossar até ao final deste ano, com especial enfoque no último trimestre, altura em que estão previstas cerca de mil saídas, fixando o setor num novo mínimo: 40 mil funcionários. Feitas as contas, em quatro anos vão ser cortados cerca de 12 mil postos de trabalho, revelou ao i Paulo Marcos, presidente do Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB).
Só nos primeiros nove meses do ano saíram mais de 1300 trabalhadores dos principais bancos que operam em Portugal e o ritmo é para continuar.
A maior vaga de saídas aconteceu no Novo Banco. Apesar de este ainda não ter apresentado resultados dos primeiros nove meses do ano, a comissão de trabalhadores já tinha indicado que até agosto saíram 400 trabalhadores do banco, que agora pertence ao fundo norte-americano Lone Star. Ainda não são conhecidas previsões para o final de 2017, mas é provável que a saída de trabalhadores continue nos últimos meses do ano.
Ritmo de saídas é para continuar
Já do BPI saíram este ano 347 trabalhadores até setembro, a maior parte no âmbito do processo de rescisões por mútuo acordo e reformas antecipadas, lançado pelo grupo espanhol CaixaBank quando passou a controlar o banco. Mas este já indicou que mais 250 sairão ainda até início de 2018 – isto porque, dos mais de 500 funcionários que acordaram sair do banco, há cerca de 250 que já assinaram a saída mas cuja saída efetiva só acontecerá no final deste ano ou mesmo nos primeiros meses de 2018.
A terceira maior redução de pessoal aconteceu na Caixa Geral de Depósitos, com menos 298 trabalhadores entre janeiro e setembro, no âmbito do programa de saídas acordadas. No entanto, a Caixa tem já acordos estabelecidos para reformas normais, pré-reformas ou rescisões voluntárias, para cumprir a meta de redução do quadro de pessoal em 550 pessoas em 2017. Ou seja, sairão ainda este ano pelo menos mais 250 funcionários do banco público.
Já do Santander Totta saíram 269 pessoas nos primeiros nove meses do ano, grande parte também por acordos de rescisão e reformas. Mas não vai ficar por aqui. A casa-mãe deverá avançar com uma oferta de rescisões voluntárias e reformas antecipadas, já que passou a ter mais de sete mil funcionários após a compra do Banco Popular, dos quais 900 são desta instituição financeira. Como tal, este programa de corte de custos também terá implicações em Portugal, uma vez que é o segundo mercado do Popular e onde o Santander também tem uma forte presença.
Mais moderadas, pelo menos este ano, têm sido as saídas no BCP, em que a redução foi de 52 trabalhadores nos primeiros nove meses do ano. No entanto, este processo de diminuição de pessoal ainda não terminou e ainda vão sair mais bancários até ao início de 2018. E o mesmo ritmo é para continuar no próximo ano.
O caso mais recente mas de pequenas dimensões foi o Banco do Brasil, que anunciou em setembro um processo de despedimento coletivo em Portugal. Em causa estavam 16 trabalhadores das agências do banco em Lisboa e Porto.