As ordens profissionais de saúde (Médicos, Nutricionistas, Enfermeiros, Farmacêuticos e Dentistas) deram parecer favorável à implantação de uma taxa sobre produtos com elevado teor de sal, proposta no Orçamento do Estado para o próximo ano. Ao mesmo tempo, contudo, pedem medidas adicionais de promoção da alimentação saudável junto da indústria para a reformulação de produtos.
Num documento enviado à Assembleia da República, citado pela agência Lusa, as ordens profissionais consideram que a diminuição do consumo de sal “deverá ser uma das prioridades nacionais”, lembrando o consumo excessivo daquele ingrediente em Portugal e as doenças a si associadas.
À Lusa, a bastonária dos Nutricionistas defendeu a aplicação direta da verba resultante dessa taxa em medidas de promoção da alimentação saudável. "As ordens não querem que a taxa sobre os produtos mais salgados “seja encarada somente como uma medida para obter receita. Temos de pegar na verba que seja arrecadada e usá-la diretamente na promoção da alimentação saudável, aplicando-a totalmente para este fim”, afirmou Alexandra.
A taxa em causa é de 80 cêntimos por quilograma de produtos que contenham mais do que um grama de sal por cada 100 gramas de produto. A mesma recairía sobretudo sobre as batatas fritas, as bolachas de água e sal, pipocas salgadas e alguns aperitivos. De acordo com vários estudos publicados pelas organizações nacionais de saúde, os portugueses consomem por dia mais 50% de sal do que o recomendado – estamos a falar de 30 toneladas de sal em excesso todos os dias. Um terço dos portugueses sofre de hipertensão e as doenças cardiovasculares são a principal causa de mortalidade do país – são gastos cerca de 350 milhões de euros por ano em medicamentos na área deste tipo de doenças.
Esta medida, refira-se, não colhe a aprovação de todos os partidos com assento parlamentar, apesar de estar prevista na proposta de Orçamento do Estado para 2018. Partidos como o PCP, o CDS e o PSD já a puseram em causa e avisaram que vão votar contra. Ainda assim, o Governo não tem intenção de desistir da mesma, entendendo que esta é "uma medida de saúde pública".