A esperança de vida à nascença aumentou mais de quatro anos em Portugal entre 2000 e 2015, para 81,3 anos . Uma análise ao perfil da saúde em Portugal, apresentada hoje pela Comissão Europeia, regista que a esperança média de vida no país já é quase meio ano superior à média da UE, mas continua a ser dois anos inferior à de Espanha ou Itália, pelo que ainda há caminho a percorrer. As diferenças entre sexos e a carga de doença nos últimos anos de vida são as preocupações reiteradas pelos peritos da OCDE e do Observatório Europeu de Políticas e Sistemas de Saúde, responsáveis pelos relatórios sobre os 28 Estados membros e que passarão a ser publicados a cada dois anos. “Apesar destes aumentos, aos 65 anos de idade, as mulheres portuguesas podem esperar viver apenas um quarto dos anos que lhes restam sem incapacidades, enquanto os homens podem esperar viver quase dois quintos (38 %) desses anos de boa saúde”, escrevem os peritos.
O relatório assinala que as taxas de mortalidade relativas às causas de morte mais comuns (doenças cardiovasculares e certos tipos de cancro) têm vindo a diminuir, mas surgiram algumas tendências desfavoráveis, como o aumento do número de mortes por diabetes. A análise alerta também que o número de pessoas que morreram com doença de Alzheimer e outras formas de demência mais do que triplicou desde 2000, “facto que reflete o envelhecimento da população, a melhoria do diagnóstico e a falta de tratamentos eficazes, bem como uma codificação mais precisa.
Factores de risco comportamentais
Os autores alertam que um quarto do peso da doença no país deve-se a fatores de risco comportamentais, o que inclui tabagismo e consumo de álcool – em que Portugal surge ainda assim muito abaixo da média europeia – mas também hábitos alimentares e inatividade física. Os autores alertam também para as desigualdades socioeconómicas em termos de doença crónica: “Com base nos dados da autoavaliação do estado de saúde provenientes do Inquérito Europeu de Saúde por Entrevista (EHIS), em Portugal, mais de uma em cada quatro pessoas vive com hipertensão, uma em cada oito vive com depressão crónica e uma em cada vinte vive com asma. Existem grandes disparidades na prevalência destas doenças crónicas por nível de escolaridade, sendo que uma em cada três pessoas com o nível de escolaridade mais baixo vive com hipertensão, contra apenas cerca de uma em cada dez com o nível de escolaridade mais elevado”, lê-se na análise.
Luta contra a resistência a antibióticos é uma prioridade
Entre os vários temas abordados na análise, destaque também para a problemática da resistência a antibióticos, que os autores declaram prioridade de saúde pública no país. “Embora tenha diminuído de 53,8 % (2012) para 46,8 % (2015), a percentagem de infeções da corrente sanguínea por Staphylococcus aureus resistente à meticilina (SARM) continua a ser a terceira mais elevada na UE/ EEE, estando claramente acima da média da UE/EEE de 16,8 %”, é exemplificado no relatório, que destaca as iniciativas promovidas nos últimos anos pela Direção Geral da Saúde.