O comunismo foi um embuste

Em entrevista ao Der Spiegel, o Presidente francês, Emmanuel Macron, disse que «a comunidade europeia de valores é única, combinando a democracia com a economia de mercado, as liberdades individuais com a justiça social».

E sobre as negociações para a formação do novo Governo de coligação na Alemanha, entretanto abortadas, referiu que «o apoio à Europa é parte do ADN tanto dos Verdes como do FDP», ficando «muito satisfeito por os chefes de ambos os partidos falarem positivamente sobre o projeto europeu».

E sobre o facto de a esquerda francesa o ver a ele como ‘neoliberal’, afirmou que «distribuir dinheiro público é o que alguns esperam, em especial a esquerda radical. Eles acham que se ajuda as pessoas dando-lhes dinheiro. Mas isso é uma falácia, porque não sou eu a distribuir o dinheiro, e sim as gerações futuras».

E sobre o imposto sobre a riqueza adiantou: «E se isso levar os fundadores de empresas a ir embora, o que por sua vez resultará na perda dos empregos? Não estamos a proteger as pessoas que mais precisam quando aqueles que podem contribuir para o sucesso do país emigram».

E rematou, dizendo: «Estamos a deixar falar quem odeia a Europa».

Em Portugal, a maioria de esquerda que apoia o Governo do Partido Socialista não defende a comunidade europeia de valores, e o apoio à Europa nunca fez parte do ADN do Partido Comunista e do Bloco de Esquerda. Mais: o PCP deve ter sido dos poucos partidos comunistas a comemorar os 100 anos da Revolução Russa, com um comício no Coliseu dos Recreios. Nem o Governo russo já comemora a data, só o Partido Comunista da Rússia o fez.

A participação de António Costa, Caldeira Cabral e Fernando Medina na Web Summit soou a falso. O Governo PS e a maioria de esquerda que o sustenta no Parlamento fazem um Orçamento do Estado para 2018 contra as empresas e os trabalhadores independentes, ou seja, contra os investidores e os empreendedores.

Já para não falar na reversão das concessões dos transportes públicos às empresas privadas.

E depois falam três dias na Web Summit, dizendo que querem atrair para Portugal empreendedores e investidores nas start-ups…

Por que motivo muitos intelectuais, da nossa elite e da comunicação social, são tolerantes e até coniventes com a solução governativa em Portugal e não reconhecem que é contranatura, contra a Europa, contra o euro e contra a NATO?

Deve ser pela mesma razão que nunca reconheceram que o comunismo foi um embuste, como disse Mário Soares. Era como se Kerensky se tivesse aliado a Lenine e a Trotsky, quando na realidade foi derrubado por ambos!

É difícil aos intelectuais reconhecerem que se enganaram e andaram a enganar os outros, pois tinham de ser humildes – o que muitas das vezes não condiz com os seus grandes egos. Há também os que apoiam a solução governativa em Portugal por oportunismo político – como António Costa para chegar a primeiro-ministro, o PS para tomar conta do Estado e colocar os seus boys e todos aqueles que são beneficiados pela distribuição de dinheiro à custa dos contribuintes atuais e das gerações futuras.

Alguma da nossa elite não percebe o básico: quanto mais sucesso tiver um mau Governo, pior fará ao país e aos portugueses. Passou-se o mesmo no tempo de José Sócrates com o investimento público. Nunca tivemos tanto investimento público, mas como era mau investimento – pois não era produtivo e foi baseado na dívida – levou o Estado à bancarrota.

Os ministros do PS, que são professores universitários, defendem o contrário do que defendiam quando estavam na Academia, e comportam-se como comissários políticos e não como membros do Governo de Portugal.

Muitos professores universitários, que no ambiente académico são rigorosos com as afirmações que fazem e têm cuidado em não mentir ou dizer inverdades, quando investidos em funções políticas e na opinião publicada acabam por tomar posições partidárias que põem em causa a sua credibilidade.

A opinião é livre, mas deve basear-se nos factos e não distorcer a realidade. Eu fui educado e eduquei os meus filhos a respeitar os professores – e sempre disse que na universidade a honestidade intelectual é um bem a preservar, pois de contrário volta-se contra os próprios e deixam de ser respeitados.