O investimento na construção de novos hotéis não para de aumentar em Portugal e de chamar a atenção de investidores, principalmente estrangeiros. Os negócios em pipeline rondam os 300 milhões de euros, 53% dos quais provenientes de investimento estrangeiro. Os dados foram revelados pela consultora Cushman & Wakefield.
De acordo com o estudo, vamos assistir a uma “afirmação dos destinos dominantes” do Algarve, Lisboa, Porto e Madeira em que o crescimento turístico assentará nas categorias hoteleiras superiores e em produtos alternativos de natureza, surf, sol, praia e cultura.
Os números falam por si. A oferta futura está estimada em mais de 120 projetos turísticos com abertura prevista para os próximos três a cinco anos. Para Lisboa estão previstos cerca de 38 novos projetos para os próximos cinco anos e que se traduzirão em mais 3500 unidades de alojamento na cidade, estando “a maioria” dos projetos localizados no centro da cidade e pertencendo às categorias de quatro e cinco estrelas.
A consultora afasta, no entanto, o risco de insustentabilidade do setor face ao aumento desta procura. “Tendo em conta as aberturas previstas para os próximos três anos na cidade de Lisboa, o crescimento médio anual da oferta pode estimar-se na ordem dos 3%. Mas as dormidas na capital, nos últimos três anos, evoluíram a uma taxa média anual de 11%, mais do triplo que o ritmo previsto para a oferta”, sustenta.
Também o Porto não fica alheio a esta tendência. Nesta cidade estão previstas 18 novas unidades hoteleiras com abertura estimada para os próximos três a cinco anos. A maioria destes projetos estão localizados no centro da cidade, são de quatro e cinco estrelas e vão reforçar a atual oferta, que já conta com 170 estabelecimentos hoteleiros, que disponibilizam cerca de 12 mil unidades de alojamento.
Tal como na capital, também no Porto o ritmo de crescimento médio anual de 3% previsto para a oferta se situa a um nível “muito inferior” ao da procura, cujo crescimento médio anual entre 2014 e 2016 rondou os 15%.
Números recorde
A verdade é que, segundo os mesmos dados, este crescimento em termos de aparecimento de novas unidades hoteleiras vai ao encontro da elevada procura que se tem registado no mercado português. Só nos primeiros nove meses do ano foram registadas 46,3 milhões de dormidas, e 2017 deverá terminar com 57,4 milhões. Este valor regista um aumento de 7,3%.
No entanto, o crescimento é mais significativo se compararmos entre 2006 e 2016, verificando-se um aumento de 32% no número de hóspedes e de 74% no número de hóspedes estrangeiros.
Os turistas do Reino Unido continuam a liderar o ranking internacional ao apresentar um peso de 16% no total de hóspedes estrangeiros em Portugal até setembro. O segundo lugar cabe a Espanha com 14%, seguida por França, com 11% de quota.
De acordo com os últimos dados do INE, a hotelaria registou 2,4 milhões de hóspedes e 7,8 milhões de dormidas em agosto, um aumento homólogo de 4,6% e 3,2%, mas inferior face ao mês anterior (6% e 4,7%, respetivamente). Já a estada média (3,2 noites) decresceu 1,3%, enquanto a taxa de ocupação-cama (74,8%) aumentou 0,3 pontos percentuais.
Por regiões, o INE adiantou que nesse mês se observaram aumentos das dormidas em todas as regiões, com destaque para a Região Autónoma dos Açores (mais 15,8%), Alentejo (mais 6,4%) e Centro (mais 6,2%). Ainda assim, as dormidas concentraram-se principalmente no Algarve (peso de 39,3%) e na Área Metropolitana de Lisboa (20,5%). Os proveitos totais desaceleraram ligeiramente para um crescimento de 12,3% (13,1% em julho), atingindo 502,8 milhões de euros, enquanto os proveitos de aposento se fixaram nos 393 milhões, um aumento de 13,2%.