Chama-se Iki Mobile, é uma marca portuguesa, aposta na cortiça e está a investir numa fábrica em Portugal para afastar da China a produção dos telemóveis. Muitos não conhecem, mas falamos de uma empresa que só no ano passado conseguiu chegar a uma faturação de cerca de cinco milhões de euros.
Ao SOL, Tito Cardoso, CEO da empresa, explica que estão «a construir uma fábrica em Portugal porque até aqui não produzíamos no país. Estamos na China». No entanto, a empresa tem conseguido ganhar terreno lá fora e agora a aposta em território é cada vez mais clara e importante para esta marca. «95% das vendas têm vindo a acontecer fora daqui. Já somos uma das marcas mais vendidas em alguns países como Timor e Angola. Estamos a conquistar muitos mercados. Mas Portugal é uma prioridade para nós», explica o CEO.
O negócio vai mudar em breve porque a produção está prestes a deixar de estar concentrada integralmente na China. Os produtos passarão a ser fabricados na nova fábrica, em Coruche. Falamos de um investimento de 1,6 milhões de euros, sendo que, nesta fase, «tudo está a ser feito com capitais próprios». Com este investimento, haverá ainda um aumento do número de postos de trabalho, que deverá mais do que duplicar e passar para meia centena de pessoas.
«A proximidade geográfica é um ponto importante para as operadoras europeias. Além de estarmos na capital da cortiça, estamos perto de auto-estradas e estamos perto do aeroporto», acrescenta, garantindo que, «depois, haverá novas fases. Até porque já temos uma candidatura ao Portugal 2020 e queremos avançar. Mas também sabemos que as coisas levam o seu tempo e acreditamos que Portugal tem de ser mais rápido porque há outros países que conseguem ser».
Com o primeiro telemóvel do mundo feito com cortiça como bandeira, a empresa quer apostar no desenvolvimento de novos projetos do género e conseguir ter cada vez mais peças feitas deste material porque, por enquanto, a cortiça é uma aposta feita principalmente no exterior do telemóvel.
O smartphone mais barato da Iki Mobile custa 66,9 euros, enquanto o modelo mais caro ascende a 290 euros. De acordo com Tito Cardoso, a ideia sempre foi «conseguir fazer uma coisa diferente. A cortiça é um material tecnológico e nós quisemos agarrar nisso e em todas as pontencialidades deste material, até porque a cortiça tem menos 50% de bactérias do que outros materiais».
Ainda assim, a empresa não esconde que existem problemas que muitas vezes se levantam como grandes desafios: «Temos uma limitação de produção porque não é fácil ter acesso à matéria. Mas temos tido bons parceiros».
Segundo Tito Cardoso, mais de metade dos componentes do smartphone KF5 Bless Cork Edition serão fabricados em Portugal, sendo que apenas componentes como o processador vão ser importados por não haver produção nacional.
«Termos uma fábrica significa termos autonomia, crescermos com nós próprios, não dependermos de ninguém, nem de outros mercados que possam condicionar o nosso crescimento na produção de um produto deste nível. Deste modo, a IKI Mobile vai crescer, tornar-se-á mais forte, uma marca de referência no mundo na área da tecnologia», acredira Tito Cardoso.
O telemóvel com cortiça foi a grande estrela da empresa quando esteve presente no Mobile World Congress, em Barcelona. E, tem conquistado cada vez mais pessoas, um pouco por todo o mundo. «O português reage à cortiça de determinada maneira porque conhece a cortiça e sabe o que é. Mas explicar a um alemão, que só parou por curiosidade, é uma coisa muito especial. A reação é muito forte e tem sido muito importante para nós. Ainda assim, há muita coisa que temos ainda para explicar porque também ainda estamos a estudar muita coisa sobre este material e as suas potencialidades», acrescenta ainda Tito Cardoso.