As nossas avós diziam que ‘gordura é formosura’ – ser mais gordo era sinónimo de bem-estar, enquanto as pessoas mais magras eram associadas a um estrato social mais pobre. Há uns anos, o corpo magro era o ideal e as passerelles do mundo inteiro enchiam-se de modelos esqueléticas, sem curvas. Nos dias de hoje, a obesidade é encarada como uma epidemia e o corpo extremamente magro também não é bem visto nas sociedades: agora, o objetivo é ser saudável e a alimentação tem mudado muito nesse sentido.
No entanto, com a quantidade de produtos que nos são disponibilizados diariamente, não é fácil fazer as melhores escolhas. Numa altura em que nascem cada vez mais blogues dedicados à comida saudável, canais de YouTube sobre gastronomia e livros sobre um estilo de vida ‘fit’, ainda há espaço para nutricionistas ou conseguimos ‘dar conta do recado’ através da imensa informação que nos é disponibilizada? Uma coisa é certa: as figuras mais marcantes da nutrição dificilmente desaparecerão do mapa – alguns dos livros mais vendidos em Portugal foram escritos por elas, os seus conselhos tornam-se virais na Internet e os produtores de programas de televisão gostam de as ter no estúdio a falar sobre alimentação.
Umas são mais conhecidas do que outras, mas todas acabaram por dar nas vistas na área da nutrição. As suas histórias pessoais influenciaram a forma como ajudam as pessoas, os seus corpos invejáveis deixaram várias mulheres ansiosas por conseguirem alcançar uma imagem semelhante, os seus relacionamentos projetaram-nos nos meios de comunicação e as suas dicas revelaram-se verdadeiras ‘receitas milagrosas’ para muitas pessoas. Mas, acima de tudo, estas mulheres são, cada uma à sua maneira, as ‘polícias da saúde’ dos seus clientes.
31 dias milagrosos
Ágata Roquette fez aquilo que muitas pessoas fazem no dia-a-dia: usou o seu exemplo para ajudar os seus clientes. Desde 2004 que as pessoas que recorrem às suas consultas se identificam com a pessoa que está à sua frente – sabem que, apesar de hoje em dia ter um corpo saudável, esta mulher é como todas as outras e já teve altos e baixos. Na pior altura, chegou a pesar 90 quilos.
“Existia uma relação muito má com a alimentação. Quando estava no secundário, deixei a patinagem para me dedicar aos estudos. Deixei de me mexer e comecei a comer bolachas que nunca tinha comido. Ainda por cima, o meu padrasto era, na altura, diretor geral da Artiach, por isso tínhamos tudo em casa – foi o meu padrasto que lançou as Oreos em Portugal. Em quatro meses engordei 15 quilos, passei dos 58 para os 73. Sentia-me muito mal por ver o meu corpo deformado. Ia às lojas de roupa com a minha mãe e começava a chorar. Ela chorava por me ver chorar. Foram uns tempos complicados”, contou ao i.
No primeiro ano da faculdade, deixou de comer e perdeu 10 quilos. Acabou por se voltar para a bulimia. “Comecei a comer desalmadamente e atingi os 90 quilos. A minha mãe só descobriu o problema quando me viu a vomitar. Levaram-me ao médico e acharam que aquilo tinha sido um caso isolado. A verdade é que vivi com bulimia durante sete anos”. Os pais nunca a levaram a um psicólogo – “Os meus pais não se aperceberam que essa teria de ser a linha a seguir” – e chegou mesmo a recorrer a cirurgias estéticas: “Como presente de 18 anos recebi uma lipoaspiração”.
Quando acabou o curso de nutrição, em 2004, começou logo a trabalhar. Os seus clientes perguntavam-lhe se estava grávida, o que ainda deixava Ágata mais em baixo e com vontade de comer mais. Só quando começou a trabalhar por conta própria, em 2006, é que conseguiu diminuir um pouco os níveis de stress, mas a grande mudança surgiu numa das alturas mais felizes da sua vida: “Fui pedida em casamento a 23 de dezembro e decidi que ia, tranquilamente e ao meu ritmo, fazer dieta até à cerimónia, em setembro. Dessa vez, fiz tudo com o espírito certo e consegui perder 20 quilos em seis meses. Tinha 25 anos na altura, o que ajudou a perder peso”.
Para conseguir estes resultados, Ágata usou algumas regras que vieram mais tarde a ser seguidas por milhares de pessoas em todo o país. Estas regras estão na base da ‘Dieta dos 31 Dias’, o livro que lançou em 2012 e que vendeu mais de 200 mil exemplares. “Não estava nada à espera, achei que ia vender apenas aos meus clientes. A verdade é que estive no primeiro lugar do top dos livros mais vendidos durante três anos”.
Muita coisa mudou em cinco anos, o que fez com que Ágata Roquette sentisse a necessidade de lançar ‘A Nova Dieta dos 31 Dias’ – na altura não escrevi sobre quinoa, bulgur, manteiga de amendoim, etc. Hoje em dia as pessoas querem saber mais sobre estas coisas e achei que fazia sentido lançar este novo livro”.
Hoje em dia, Ágata Roquette tem 500 clientes por mês. São muitas horas dedicadas não só às consultas, mas também aos livros que vai publicando. No entanto, a evolução das pessoas que a seguem compensa todos os esforços. “Houve uma senhora que só com o livro da Dieta dos 31 Dias perdeu 67 quilos. Só por histórias como esta, valeu a pena o trabalho”.
O sonho de ser a médica dos alimentos
Iara Rodrigues era uma aluna brilhante. Os pais e os professores tinham a certeza que iria entrar no curso de medicina e ter uma carreira de sucesso, mas tudo mudou com um simples encontro na praia.
A irmã de Iara estava a passar por uma bulimia e as suas duas melhores amigas sofriam de anorexia, o que fez com que desenvolvesse uma relação estranha com a comida. Durante umas férias de verão em família, uma conversa na praia com uma pessoa que tinha a toalha estendida ao seu lado acabou por ser muito reveladora: “A pessoa que estava ao nosso lado estudava medicina no Hospital de São João, no Porto, e disse-me que tinha uma grande amiga em nutrição. Estávamos no ano de 1999 – pode parecer um bocadinho disparatado hoje em dia, mas na altura não se ouvia falar sobre esta profissão. Ela pôs-me à conversa com essa amiga, que despertou em mim uma curiosidade imensa. Achei que podia finalmente ser a médica dos alimentos que tanto queria ser”, contou ao i.
O curso de medicina ficou pelo caminho e, em 2008, terminou o curso de nutrição. Ao longo dos últimos anos, milhares de pessoas recorreram aos seus serviços para melhorar a sua saúde alimentar. “Um dos casos mais marcantes foi o de uma mulher que ‘gritava’ mãe por todo o lado e que tinha deixado de ser mulher. Da primeira vez que cá veio, deixou um carrinho com os dois filhos gémeos dentro do meu consultório e foi-se embora. Fui dar com a senhora na rua e perguntei-lhe se estava tudo bem. ‘Eu já não aguento, eu não consigo, eu não tenho vida, eu quero desistir’, gritava. Acabei por conseguir trazê-la para o consultório e, felizmente, as crianças continuaram a dormir. Disse-lhe que tinha de voltar a ser mulher, que tinha de pensar nela. É óbvio que tem de continuar a ser mãe, mas se não se focar em si, vai ser um fracasso em todas as áreas de a sua vida. Passados cinco ou seis meses, a mulher transformou-se e a mudança foi muito além do que a questão da nutrição: começou a dizer que não ao marido mais vezes. Acho que na maior parte dos casos, não é a comida que está em causa, mas sim o que está por detrás das decisões erradas que tomamos”.
Entre as milhares de consultas, Iara conseguiu também uma carreira mediática que a catapultou para o topo da lista das nutricionistas mais influentes em Portugal. Depois de algumas participações no programa ‘Portugal no Coração’, na RTP, Iara Rodrigues entrou no conhecido programa da SIC ‘Dr. White’. Entretanto, começou a fazer participações regulares no ‘Você na TV’, da TVI – todos estes programas fizeram com que ganhasse uma responsabilidade acrescida. “Nunca procurei o mediatismo. Eu era a pessoa mais tímida que existia, era muito insegura, sem grandes certezas em relação ao que queria fazer. Agora gosto de ir à televisão, mas vou com um peso muito grande: uma coisa é estar a falar para a pessoa que está à minha frente, outra é comunicar com milhares de pessoas que assistem ao programa. Tenho de pensar bem na forma como vou transmitir um conselho: nem todas as pessoas que me estão a ver têm o mesmo nível económico. Eu sou uma minoria, sou uma pessoa que é privilegiada por ter capacidade para alcançar certas coisas, mas há outras tantas que não conseguem porque numa aldeia algures ou numa cidade mais pequena não há um supermercado específico para comprar isto ou aquilo, por exemplo. Não quero criar mais frustração nas pessoa, quero que o conselho que dou possa ser posto em prática, sempre com alternativas: se não tiver isto, use aquilo. Assim temos a capacidade de incluir mais pessoas e passar a ideia de que quem está a dar conselhos pensou na pessoa que está a ver”.
A mulher que ajuda os atletas
Faltaram duas décimas a Andreia Santos para entrar no curso de medicina. O que parecia ser o fim de um sonho acabou por ser uma porta aberta para uma área diferente, onde viria a ter uma carreira de sucesso. O pai era acompanhado por uma nutricionista por questões de saúde, mas a verdade é que pouco sabia sobre este curso. Resolveu arriscar e acabou por se apaixonar.
Desde cedo que a alimentação saudável é ‘o prato da casa’: “Os meus pais têm uma alimentação muito saudável e equilibrada e sempre transmitiram isso a mim e à minha irmã, sem obsessões nem extremismos. Em casa dos meus pais come-se sopa ao almoço e ao jantar, termina-se a refeição com fruta e não com doces, salvo raras exceções, nunca se bebem refrigerantes às refeições, entre outros pormenores importantes para a manutenção de uma alimentação cuidada”, disse ao i.
Namorada do antigo guarda-redes do FC Porto e da Seleção Nacional, Vítor Baía, Andreia Santos ganhou um nível de mediatismo diferente – a nutricionista admite até que esta relação acabou por trazer alguns benefícios para a sua carreira: “Durante o curso apercebi-me que havia pouco investimento da nutrição no desporto e resolvi apostar nessa área. Durante o estágio trabalhei com o Leixões Futebol Clube e tive oportunidade de falar desta experiência no programa Praça da Alegria. A verdade é que me deu uma visibilidade que se traduziu em mais convites ligados ao desporto como o voleibol, o ténis, o ciclismo, o ténis de mesa e o rugby. Hoje é para mim uma área de eleição e são muitos os desportistas de alta performance que me procuram. A experiência mostra-me que pequenos detalhes na alimentação fazem toda a diferença na performance de um desportista. Esta já era a minha área antes de conhecer o Vítor e, para além disso, já tinha iniciado a minha participação em vários meios de comunicação social. Mas como é óbvio ser namorada do Vítor facilitou o reconhecimento do meu trabalho”.
Um dos momentos mais marcantes da sua carreira também está ligado ao desporto: “Preparar o ultramaratonista Carlos Sá para uma prova na Gronelândia foi sem dúvida um trabalho que me marcou, uma vez que se tratava de um percurso de 700 quilómetros em condições climatéricas bastante adversas com temperaturas extremamente baixas”.
Uma consulta muda uma vida
Ana Bravo tinha 18 anos quando saiu de Trás-os-Montes, uma zona portuguesa onde, como tantas outras, a comida tem o papel principal. Mas a sua família sempre teve o cuidado de passar as ‘regras de ouro’ às gerações mais novas. “O gosto pela cozinha e pela comida saudável vem da minha mãe. Era impensável haver batatas fritas e refrigerantes em casa, só em dia de festa. Sempre que os meus amigos iam lá a casa eu avisava: ‘Olha que nós não temos refrigerantes, nem bolos e batatas fritas, queres ir na mesma?’. Durante a infância não achava graça nenhuma a isso, mas depois veio a adolescência e a altura das dietas e comecei a perceber que aquilo fazia sentido”.
Quando entrou no curso de nutrição, Ana tinha planeado pedir equivalência e mudar de área assim que fosse possível, mas acabou por adorar o curso e nunca mais ponderou seguir outra carreira. O mediatismo veio com a presença regular no programa das manhãs da SIC, apresentado por Júlia Pinheiro. Para além disso, a nutricionista teve uma relação amorosa mediática que fez com que começasse a aparecer mais nas revistas ‘cor-de-rosa’. No entanto, Ana diz que o namoro com o ator José Fidalgo não lhe trouxe mais influência no meio, mas que acabou por influenciar o dia-a-dia com os seus clientes: “A minha relação com o José tornou apenas a minha vida pessoal um bocadinho mais exposta, porque em termos profissionais não teve impacto. Na verdade, houve uma altura em que influenciou-a negativamente porque sou nutricionista – dou consultas e não era muito agradável ver a minha vida pessoal exposta perante os meus pacientes. Houve ali uma fase em que eu não sabia muito bem como gerir isso. Em relação ao mediatismo profissional, que é o que me interessa, [este namoro] até podia ter jogado contra mim, mas nós defendíamo-nos muito e por amor fazemos tudo (risos)”.
A televisão trouxe-lhe notoriedade, mas foram as consultas frente-a-frente que mais influenciaram Ana Bravo. Numa delas, a nutricionista aprendeu tanto quanto o seu cliente: “Tinha acabado o estágio e estava a trabalhar num local público, onde havia uma lista de espera para a consulta de nutrição. Uma pessoa da minha idade veio a três consultas porque precisava de emagrecer, mas não mostrava resultados e eu não estava a saber lidar com aquilo. Decidi que na consulta seguinte tinha de dizer que tínhamos de parar e que quando estivesse pronto para este processo regressava. Nessa consulta , olhei para ele e estava diferente, visivelmente mais magro. Perguntei-lhe o que tinha acontecido e ele disse-me que desistir estava fora de hipótese, mas sabia que não estava numa fase emocional que permitisse começar o plano alimentar com rigor. Acabou por perder 30 quilos e é meu cliente há 13 anos. Eu percebi que aquilo que estava prestes a fazer não era de forma nenhuma o mais indicado. Nunca devemos desistir de um paciente”.
Os portugueses estão mais saudáveis?
Com a quantidade de programas de televisão dedicados à cozinha saudável e os blogues que dão dicas como manter um estilo de vida equilibrado, é cada vez mais fácil ter acesso a informação no que dizer respeito à nutrição. E as especialistas são unânimes: os portugueses prestam muita atenção ao que põem na boca e têm cada vez mais noção do que faz bem e do que faz mal. Mas a nutricionista Iara Rodrigues vai mais longe: os portugueses são pioneiros na alimentação saudável.
“Sempre fomos atentos às questões relacionadas com a alimentação. Às vezes temos a perceção que Portugal não anda tão rápido quanto outros países, mas isso não é verdade. Temos é de ter noção da nossa escala. Em muitos países da Europa não há um décimo do acesso das coisas que nós hoje em dia temos cá. Não há lojas tipo Celeiro ou Go Natural disseminadas por todo o território como nós temos cá e aos preços que nós praticamos. Podemos orgulhar-nos do caminho que estamos a percorrer”, disse ao i.
Na prática, existem vários hábitos que fazem da dieta tradicional portuguesa uma alimentação saudável: “Utilizamos o azeite como base de preparação de quase todos os pratos, tal como a cebola, o alho, as ervas aromáticas, o tomate. Usamos poucas natas e manteiga na forma de confecionar os pratos. Para além disso, temos também o hábito de consumir sopa, legumes e saladas”, destaca Andreia Santos.
Mas nem tudo corre bem na nossa alimentação – tal como muitos outros povos, continua a existir em Portugal um défice de ingestão de frutas, legumes, cereais completos e leguminosas, bem como um excesso de sal, açúcares e gorduras. Para além disso, e como já diziam os nossos avós, ‘tudo o que é demais faz mal’: “Os portugueses também cometem alguns erros no dia-a-dia. O chouriço por exemplo… Comer uma rodela não faz mal, o pior é quando comemos o chouriço inteiro”, afirma Iara.
Acima de tudo, o importante é encarar o que comemos não como uma dieta, mas sim como um estilo de vida: “não há uma lista de proibições ou restrições, o padrão mediterrânico é um modo de vida, é uma opção consciente de vida, de hábitos, com um panóplia de sabores, aromas e características nutricionais muito variadas e completas”, explica Ana Bravo.
À procura do fit e do conforto
‘Cinco dicas para ter uma alimentação mais saudável’, ’10 conselhos para se tornar mais fit’, ‘O que todos devem fazer para ter um corpo invejável’. O nosso feed do Facebook é invadido por dezenas de artigos dedicados à alimentação saudável e ao exercício físico. Várias figuras públicas divulgam os seus hábitos e dão conselhos sobre como tonificar o corpo e comer melhor. Há cada vez mais blogues dedicados ao tema. Este tipo de conteúdos entram-nos em casa a toda a hora e, mesmo sem querer, acabamos por ficar a conhecer os benefícios da quinoa ou as potencialidades do abacate. Mas, afinal, onde fica o nutricionista no meio desta evolução? Ainda há espaço para estes profissionais?
Ágata Roquette deixa um alerta a quem tenta perder peso através destas publicações: receitas saudáveis não são sinónimo de emagrecimento. “Às vezes temos de tirar coisas boas do nosso dia-a-dia, mesmo quando o objetivo é perder peso. As pessoas têm de perceber que um blogue de alimentação saudável é ótimo e que devem tirar receitas de lá – eu própria sigo alguns –, mas não quer dizer que vão perder peso com elas. Podem melhorar os níveis de colesterol, a diabetes, mas têm de consultar o nutricionista para saberem quando devem comer as coisas certas, para saberem a melhor forma de encaixar os alimentos saudáveis no dia-a-dia. Uma coisa não colide com a outra. Acho que não é uma competição”.
Ao mesmo tempo, o conceito de ‘comida de conforto’ tem ganho cada vez mais peso no quotidiano dos portugueses. Com a moda do ‘hygge’ (palavra dinamarquesa que não tem tradução para português, mas que significa algo como ‘viver num aconchego permanente’, recorrendo apenas aos pequenos prazeres da vida’), há cada vez mais pessoas a apostar na ‘comida confortável’ e nos pratos que deixam o corpo e a alma satisfeitos. Mas é preciso ter cuidado com este conceito.
“’Comida de conforto” é um conceito que exige alguma cautela na sua interpretação. Na sua essência não faz sentido que a alimentação não tenha conforto, ou seja, a alimentação deve ser degustada, percecionada ao máximo pelos sentidos, dar prazer. “Aliás, é isso que procuro divulgar todos os dias nas redes sociais, no blogue, nos livros e nas consultas. A questão que se coloca é até que ponto as pessoas compreendem esta essência e conseguem praticá-la com moderação, de forma parcimoniosa. Aliás, isto remete para a origem da palavra ‘dieta’, que significa ‘modo de vida’, ‘conforto’ e ‘comedimento na forma de comer e beber’. Em resumo, fazer “dieta” é precisamente praticar essa alimentação de conforto, prazerosa, mas comedida”, diz Ana Bravo.
Mas com tantas modas, dicas, conselhos e publicações, ainda existe espaço para os nutricionistas? Ainda faz sentido recorrer a estes profissionais para tentarmos alcançar um estilo de vida equilibrado e um corpo saudável, quando tantas outras pessoas nos ensinam a fazer isso mesmo através da Internet?
Tal como Ágata Roquette, Andreia Santos não acredita que haja uma competição entre os dois meios e acredita que o papel destes profissionais é cada vez mais importante: “Faz cada vez mais sentido recorrer a um nutricionista, porque o excesso de informação e o facto de haver pessoas não habilitadas a manifestarem-se leva à desorientação. Há que saber separar as coisas”.
“Além disso, a ciência não é imutável, temos muito para continuar a estudar, aprender, compreender e o comportamento humano também está a mudar. A indústria alimentar progride do mesmo modo, fazendo com que o nutricionista seja o profissional que junta as peças todas desta puzzle, que agrega ainda a saúde e a doença, e traduz tudo numa intervenção nutricional. A partilha do saber, a educação alimentar das populações e as intervenções personalizadas mais específicas nunca se esgotarão em blogues, livros, nem em fórmulas idênticas para todos”, acrescenta Ana Bravo.
*Por lapso o nome da nutricionista Ana Bravo saiu errado na capa desta segunda-feira. Pedimos desculpa pelo erro.