A associação Variações quer promover Portugal como pólo comercial e destino turístico, bem como fomentar o crescimento sustentado dos operadores económicos do setor LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e intersexuais).
De acordo com a associação, em Portugal existem pelo menos um milhão de consumidores LGBTI, a que se podem somar mais dois milhões de turistas LGBTI que, por ano, visitam Portugal.
A estimativa é uma receita de dois mil milhões de euros de receitas no setor, que representa um nicho de mercado com mais potencial de crescimento a nível global e com uma rentabilidade acima da média.
“No momento em que cada vez mais o comércio e os empresários se organizam em função do turismo, temos que dar resposta a este comércio ou esta forma de comércio”, diz ao i o diretor executivo da Variações. “Mas não é só turismo, A intenção é os empresários também se organizarem” nas cidades que “achem interessante ter uma estratégia económica para este setor”, acrescenta Diogo Vieira da Silva.
Os constituintes da Variações – Associação de Comércio e Turismo LGBTI de Portugal, que teve o seu nome por inspiração de António Variações, tem estabelecimentos que vão desde bares, discotecas e hotéis, mas também guias turísticas, artistas e outros atores culturais, empresas digitais e de design, ou marcas de moda e de roupa.
Destino de referência Mas o turismo é a principal atividade económica dos associados desta organização, criada em outubro e que será apresentada de forma oficial no dia 11 de janeiro às 11 horas, quando serão anunciados os programas para promover Portugal como pólo comercial e destino turístico LGBTI de referencia a nível global.
De acordo com Diogo Vieira da Silva, “a Organização Mundial de Turismo diz também que 10% do turismo mundial é feito por turistas LGBT, que representam 25% da faturação, o que demonstra que são turistas que gastam mais ” e que este tipo de turistas “tem tendência para escolher destinos ou aproveitar destinos que se assumem como gay friendly, ou LGBT friendly”.
O responsável garante que “Portugal não está a aproveitar como devia” e daí a criação da Variações, para que “tanto o setor público como privados olhem para esta dinâmica de turismo e, agora que finalmente Portugal está a entrar nos roteiros, que pelo menos haja uma estruturação e uma estratégia comum entre entidades públicas e privadas para dar resposta a este tipo de turismo”.
Risco de ineficiência Ao i, o diretor executivo da Variações salienta que “ou Portugal tem uma estratégia para este segmento de mercado, como tem para outro tipo de turismo, como o rural ou o do ambiente”, ou há “o risco de uma ineficiência na forma como apresentamos os nossos produtos e quando recebemos mais turistas”.
Segundo Diogo Vieira da Silva, este tipo de associação “já existe há 30 anos em França, há 15 ou 20 em Espanha e com grande sucesso”. “Basta ir a Madrid”, afiança. A associação LGBT de Madrid é uma das “coorganizadoras de um dos maiores eventos da cidade, que é o Pride Madrid, que atrai mais de dois milhões de pessoas todos os anos à cidade e que tem um encaixe económico e financeiro enorme” para a capital espanhola.
A estratégia da Variações, no primeiro ano, segue três prioridades. Primeiro a campanha “Proudly Portugal” para estruturar e organizar a oferta, e promover o país na área de eventos LGBTI internacionais e com isso preparar uma candidatura portuguesa à organização do Europride em 2021.
Promoção de direitos Este evento tem potencial de atrair mais de meio milhão de participantes à cidade que o organiza e “tem ainda a outra função de comprometer a sociedade portuguesa com as questões dos direitos humanos e da igualdade. É um dos casos em que a promoção dos direitos é uma mais-valia económica”, diz Diogo Vieira da Silva.
A segunda prioridade é estabelecer um comité empresarial para incentivar diversidade e inclusão como motor de vantagem competitiva para todos os negócios e a terceira apoiar as pequenas e médias empresas (PME) e os trabalhadores diretamente dedicados ao setor LGBTI.
“Apesar de sermos recentes, os encontros que temos realizado demonstram que o setor não se conhecia muito bem, os empresários sabiam dos negócios uns dos outros mas não se conheciam. E a realidade é que já estão a surgir parcerias pelo facto de terem participado nas reuniões”, salienta Vieira da Silva, para quem o papel da associação passa pelo “mapeamento dos negócios” e “demonstrar quantas empresas o setor fornece, qual o nível de faturação, o volume de negócios”. O diretor executivo da Variações salienta que “tudo isto é muito importante para dar dimensão ao setor”.