Duarte Lima. Afilhado de vítima ouvido em julgamento

Antigo deputado do PSD está a ser julgado por apropriação indevida de milhões de Rosalina Ribeiro

Na próxima audiência do julgamento em que o ex-deputado do PSD Duarte Lima está a ser julgado por apropriação indevida de dinheiro de Rosalina Ribeiro será ouvido Armando Carvalho, afilhado da vítima. O i sabe que a testemunha, arrolada pelo Ministério Público, já foi notificada para a sessão do próximo dia 10 de janeiro.

Duarte Lima foi acusado em abril do ano passado pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal por abuso de confiança e apropriação indevida de mais de cinco milhões de euros de Rosalina Ribeiro, ex-companheira de Lúcio Feteira. Em outubro, a 1.ª Secção de Instrução Criminal da Comarca de Lisboa decidiu que deveria ser julgado por esses crimes, ao contrário do que pedia a defesa.

Desde que começou o julgamento – já houve duas sessões – foi ouvida, na qualidade de assistente, Olímpia Tomé Feteira, filha do milionário de Vieira de Leiria, que falou sobre a relação entre Rosalina e Duarte Lima, referindo que este último era um advogado “na sombra”.

Para justificar a afirmação, Olímpia garantiu que nunca houve qualquer papel com a assinatura do homem que era apresentado por Rosalina como seu advogado. E, quando confrontada pela defesa do ex-deputado com uma procuração de Rosalina Ribeiro em nome de Duarte Lima, Olímpia desvalorizou, afirmando que não era aquela a assinatura que conhecia da antiga companheira do pai.

A filha do milionário tem mantido desde o início uma postura muito crítica de Rosalina Ribeiro, fruto das guerras que ambas mantinham em tribunal. E, neste julgamento, Olímpia já deixou claro que Rosalina não passava de um “affair” do pai, considerando que o objetivo da vítima era o de se apoderar da fortuna de Lúcio Tomé Feteira.

Segundo a acusação do Ministério Público, serão 5.240.868,05 euros que a vítima transferiu para o seu advogado com vista a evitar que as suas contas fossem arrestadas, nunca os tendo recuperado. No Brasil, a investigação acredita que foi uma ameaça de Rosalina – de que entregaria Lima ao tribunal – que esteve na base do seu homicídio, em 2009.

O esquema de transferência

O dinheiro que acabou na esfera de Duarte Lima começou a chegar às contas de Rosalina em março de 2001. A vítima abriu uma conta em seu nome no UBS de Zurique, na Suíça, para onde transferiu quase de imediato 4,4 milhões de uma conta de que era titular solidariamente com Lúcio Feteira, então já falecido.

Esse dinheiro foi transferido em três tranches: 133.778 euros; 1.014.445 euros; e 3.296.561 euros.

No entanto, como existia o perigo de ver todos estes montantes arrestados no âmbito das ações colocadas por Olímpia Feteira, Duarte Lima – defendem os investigadores – ainda em março terá sugerido a Rosalina que transferisse para si os cinco milhões, “para salvaguardar o seu quinhão de herança”. Segundo a acusação, a combinação era simples. Rosalina transferia o dinheiro para as contas do ex-deputado e este comprometia-se a devolver a quantia quando estivesse ultrapassado o receio de as suas contas serem arrestadas. Ou seja, quando ficasse definido o valor que lhe caberia, no fim das ações judiciais.

Mas não terá sido isso que aconteceu. O MP diz que Lima usou o dinheiro “de acordo com os seus interesses e necessidades”. Além de o usar para despesas pessoais, terá pago uma percentagem a Francisco Canas – conhecido como Zé das Medalhas – pela lavagem de dinheiro.