A EDP Comercial vai aumentar em média o preço da energia em 2,5% já a partir do dia 18 de janeiro. Esta atualização vai abranger quatro milhões de clientes e contraria a tendência do mercado regulado que vê no próximo ano os preços descerem 0,2%, uma redução que não acontecia desde 2000.
Ao i, Miguel Stilwell de Andrade, administrador da EDP, diz que este aumento está relacionado com a subida de preços da energia no mercado grossista que registou uma valorização de 24% no último ano, em grande parte devido à seca e, consecutivamente, ao aumento do preço do carvão. Ainda assim, o responsável chama a atenção para o facto de a subida de preço não repercutir totalmente o aumento de custos. “Sofremos um aumento de 24% no mercado grossista e apresentamos uma subida média de 2,5”, diz.
Esta valorização vai representar um aumento de um euro na fatura a pagar pelos clientes no final do mês. A EDP já está a enviar emails e cartas aos consumidores a informar sobre este aumento de valor e depois de receberem o aviso têm 14 dias para tomarem uma decisão como mudar de operador ou, por exemplo, regressar ao mercado regulado.
Tarifas competitivas Para Miguel Stilwell de Andrade, as tarifas normais “vão continuar a ser competitivas” apesar desta atualização de preços, com exceção do segmento bi-horário. “Tivemos o cuidado de privilegiar as famílias e as primeiras casas de forma a termos preços competitivos face à tarifa regulada”, diz ao i. Em contrapartida, segundas casas e arrecadações, por exemplo, serão mais penalizadas.
Isto porque a EDP Comercial vai transferir este custo para a componente fixa da fatura da luz, ou seja, para a potência contratada que pesa entre 20 a 25% da fatura a pagar. Caso contrário, se a subida recaísse na componente variável que representa 75% do total, o aumento seria superior.
Mercado A verdade é que a maioria dos clientes estão no mercado livre. De acordo com os últimos dados da ERSE, neste mercado estão mais de 4,94 milhões de clientes, em que a percentagem de domésticos continua a aumentar, representando em outubro cerca de 84% do consumo total do segmento, face aos 80% registados no mês homólogo. Em termos de quota de mercado, a EDP Comercial mantém a sua posição como principal operador no mercado livre em número de clientes (84%) e em termos de consumo (43%).
Já o mercado regulado conta apenas com de 1,25 milhões de clientes. Ou seja, só este universo é que registará um alívio no próximo ano. Ainda assim, o governo publicou em novembro a portaria que permite aos consumidores em baixa tensão normal (domésticos e pequenos negócios) regressarem ao mercado regulado de eletricidade até ao final de 2020.
Questionado sobre as razões que permitem baixar os preços do mercado regulado, ao contrário do liberalizado, Miguel Stilwell de Andrade lembrou que no regulado “os custos podem passar para o ano seguinte, enquanto no mercado livre isso não acontece”. Ao mesmo tempo, o responsável garante que as condições estipuladas pela ERSE não refletem o aumento dos preços grossistas.
Perante esta subida anunciada pela EDP, a ERSE aconselha os consumidores a consultar e comparar valores, usando os simuladores disponíveis (ERSE, DECO, entre outros) e a mudar para a oferta com condições de preço mais adequadas ao seu consumo. “A ERSE fixa tarifas para o mercado regulado. No mercado livre, os comercializadores só incorporam no preço as tarifas de acesso às redes fixadas pela ERSE que, em 2018, se reduziram em: menos 4,4%. As restantes componentes do preço (energia e comercialização), refletem os custos do próprio comercializador e o preço a que compram a energia no mercado grossista”, acrescentando ainda que “a decisão de redução ou aumento é uma estratégia comercial do seu fornecedor”.