Os corpos dirigentes do Sporting têm apostado fortemente na crítica ao secular rival (Benfica), nomeadamente ao denominado caso dos e-mails, mas também à alegada investigação da Polícia Judiciária a um eventual caso de manipulação de resultados num jogo dos encarnados com o Rio Ave em 2015/16. Jorge Jesus, todavia, não está em sintonia com a direção dos leões neste aspeto: para o treinador sportinguista, tudo o que diga respeito a esse assunto é de desvalorizar. "Eu não mando e-mails para ninguém, nem ninguém manda e-mails para mim. Por aí estou tranquilo. O futebol, além de ser a minha profissão, é a minha paixão. Espero que os jogadores e treinadores possam ter cada vez mais criatividade. Agora isso dos bastidores para mim passa-me completamente ao lado. Se me perguntarem o que vem nos e-mails, para mim é zero. Redes sociais para mim é zero", frisou o técnico do Sporting, na antevisão àquele que será o seu 22º dérbi de Lisboa enquanto treinador.
"Casualmente, é o primeiro jogo depois do novo ano, mas para mim não é mais do que isso. É mais um Benfica-Sporting, já são 22… É um jogo apaixonante, é um dérbi de Lisboa, onde os adeptos são fervorosos, tanto de um lado como do outro. Tem sempre conteúdos interessantes, às vezes mais para um lado do que para o outro. O Sporting vai à Luz a pensar que tem todas as possibilidades de vencer. Como já fez noutros anos. Está tudo em aberto para todos. Os jogos que mais gosto são todos, mas há uns que gosto mais do que outros. Gosto dos jogos com o Barça, Real Madrid, Benfica, FC Porto, e com o Sporting quando estava do outro lado. São os mais entusiasmantes, face à comunicação que dá ênfase a estes jogos. Faz parte do ego dos treinadores e dos jogadores. Costuma-se dizer que nestes jogos nem é preciso motivar os jogadores porque eles já estão motivados", salientou Jorge Jesus, realçando as possibilidades reais da sua equipa de vencer na Luz: "Espero vencer. Eu, e os meus jogadores e os adeptos do Sporting, porque achamos que temos capacidade para isso. Não interessa o que aconteceu há um ano. Para o jogo de amanhã, face às duas grandes equipas, permite-me pensar que temos todas as possibilidades de vencer. É a terceira vez que vou jogar na Luz, ganhei uma [0-3, em 2015/16], perdi outra [2-1, em 2016/17], amanhã é o desempate. Vamos ver quem vai ganhar. O Sporting vai apresentar-se na Luz a pensar que tem todas as possibilidades de vencer e fazer aquilo que já fez em outros anos, de forma a criar sempre um clima de qualidade e de diferença neste momento em relação à pontuação. Mas está tudo em aberto."
Jesus, de resto, fez questão de frisar esta ideia de ainda estar "tudo em aberto" repetidamente. Como, por exemplo, quando foi questionado sobre a posição de Rui Vitória enquanto técnico do adversário, numa época que está a correr bastante abaixo das expetativas: "As equipa grandes estão sempre pressionadas em função dos objetivos, umas vezes por cima e outras por baixo. Se os resultados são positivos, a pressão existe, mas é uma pressão melhor, controlada. Quando os resultados não são positivos, é mais difícil de controlar. Mas faz parte do Sporting, Benfica e FC Porto. Para mim já são 22 jogos [dérbis], para mim é normal. Nós treinadores estamos sempre a ser contestados quando não ganhamos. E quando estamos nos grandes basta perder dois ou três jogos. Faz parte da nossa carreira, da nossa profissão. Às vezes estão 50 mil pessoas no estádio, está lá uma com um lencinho branco e só aparece essa imagem. Penso que não há motivos para isso, o Benfica está na luta pelo título. Está fora das outras competições, tem mais tempo para preparar os jogos, em relação ao FC Porto e ao Sporting. Tem essa vantagem."
Questionado sobre se irá cumprimentar o homólogo encarnado, Jorge Jesus respondeu de forma diplomática. "A relação entre os dois clubes não é a melhor, mas são dois rivais e têm de se respeitar. A rivalidade faz parte do jogo, faz parte dos adeptos e é de salutar. O conteúdo não é os treinadores, não é saber se se cumprimentam ou não, são as variantes que o jogo possa ter, as variantes que os treinadores podem inserir para que uma equipa seja melhor do que a outra", indicou o treinador do Sporting, respondendo no mesmo tom ao desafio de escolher, se pudesse, um jogador do Benfica para reforçar a sua equipa: "É uma pergunta interessante, mas não posso responder. O Benfica tem jogadores com muito valor que podiam jogar cá, mas o Sporting também os tem. Não saliento nenhum. Jogamos amanhã e depois do jogo posso dizer. Agora não quero ferir suscetibilidades, prefiro ficar por aqui…".
Em relação a reforços, Jesus também não se quis alongar, embora admitindo gostar de pensar que Wendel, Rúben Ribeiro ou Vietto poderão chegar. "Para quem tem conhecimento dos valores dos jogadores que se fala, claro que entusiasma. Mas entre o entusiasmo, o querer e o ter, vai uma distância. Ficamo-nos pelo entusiasmo", referiu Jesus, antes de garantir que o Sporting se apresentará na Luz na máxima força. "Coentrão, Bruno Fernandes e Gelson? Amanhã ainda vai haver um treino, mas se nada acontecer, são jogadores completamente recuperados. Estes três nomes vão a jogo", finalizou.