A estimativa ainda é longa, mas pode mesmo tornar-se uma ameaça real à saúde pública. As superbactérias são perigosas, aliás muito perigosas, e podem ser a primeira causa de morte dentro de cerca de 30 anos.
A resistência aos antibióticos mata cerca de 700 mil pessoas por ano, em todo o mundo, e se nada for feito para combater isto, as mortes podem chegar aos 10 milhões em 2050.
Este tema já entrou na agenda política mundial, e durante a 72ª assembleia da ONU, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom, deixou um alerta. “Esta é uma ameaça terrível com grandes implicações para a saúde humana. Se não a abordamos, o avanço feito nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) perder-se-á e recuaremos ao tempo em que as pessoas arriscavam a sua vida com uma infeção numa pequena cirurgia. É um problema urgente», referiu.
O uso exagerado de medicamentos e de antibióticos tornam estas bactérias muito mais resistentes. Desta forma, os antibióticos perdem efeito e o organismo começa a pedir por mais medicação, o que faz com que esta tenha de ser mais agressiva e tóxica para conseguir eliminar as superbactérias do organismo.
As superbactérias ganham uma espécie de ‘superpoderes’, genes de resistência, e ignoram que os antibióticos existem. “As bactérias que não resistem ao antibiótico morrem, as que resistem continuam a multiplicar-se e a passar os genes de resistência para as gerações seguintes [tornando-se mais fortes e resistentes]”, explica à NM Salomé Gomes, investigadora na área de microbiologia e professora do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), no Porto.