"Uma das peças fundamentais que não está a funcionar na Europa é o financiamento. Os Estados Unidos são muito menos dependentes da dívida bancária […] e a diferença é extraordinária em termos de 'venture capital' [capital de risco]", afirmou Carlos Moedas numa conferência sobre economia digital, em Lisboa.
Por essa razão, afirma, a Europa tem de "atrair capital privado e, para isso, tem de provar que não é um conjunto fragmentado de empresas e de Estados", acrescentando que o maior “desafio europeu é reduzir essa fragmentação entre as empresas e leis".
Segundo Carlos Moedas, não existem "problemas puramente nacionais", já que temáticas como o clima, a cibersegurança e a saúde "têm a ver com soluções que só podem vir de nível superior".
Ao mesmo tempo, afirmava que Portugal tem grandes oportunidades no mundo digital e da ciência, No entanto, a atitude positiva necessária para aproveitá-las não depende apenas dos governos, mas sobretudo das pessoas.
Moedas salientou o desempenho do país nos últimos dez anos, tendo conseguido criar uma “extraordinária rede de empreendedorismo” na área digital e realçou que o próximo passo deverá passar por criar mecanismos de cruzamento entre as universidades e as empresas portuguesas, de forma a dar uma resposta real aos problemas e desafios da digitalização.
O Comissário Europeu advertiu ainda que “hoje temos um mundo em que o digital está presente em muito poucas áreas. Está presente nos media, nas TI, mas se pensamos que está na Saúde, na Educação… não está”.
Voltando à Europa, sublinhou que está muito bem colocada para voltar a ganhar protagonismos na fase que agora se vive: a terceira revolução digital, caracterizada pelas exigências de conhecimento da ciência fundamental, necessária para áreas como a inteligência artificial, a cibersegurança e a transação de moedas virtuais.
Ainda assim, admitiu que, em termos de regulação, a Europa ainda está "nos primórdios". "Eu acho que, na regulação do mundo digital, ainda estamos sem saber o que aí vem. Daqui a 50 anos vamos olhar e pensar no que estávamos a fazer", salientou nas da CSP Talks, uma iniciativa da Confederação dos Serviços de Portugal.