A empresa Celtejo instaurou um processo contra Arlindo Consolado Marques, da associação proTEJO, por este associar os episódios de poluição no rio à empresa, e reclama o pagamento de 250 mil euros, acrescidos de juros de mora até integral pagamento, para “compensar a autora pelos danos sofridos por causa da ofensa cometida” por danos atentatórios do seu bom nome. O processo já deu entrada no Tribunal Judicial de Santarém.
Em causa está uma série de publicações na rede social Facebook, por parte de Arlindo Marques, que são acompanhadas por imagens que ilustram a poluição do Tejo. Ainda ontem à tarde publicou uma série de fotografias a ilustrar essa mesma poluição, que associa à morte de milhares de peixes. Já em julho passado disse ter sido alvo de agressões físicas e ameaças verbais por parte da empresa.
Contactada pelo i, fonte oficial da Celtejo diz apenas que “a empresa tem sido regularmente acusada na praça pública por parte de determinados intervenientes, não obstante cumprir elevados padrões a que está sujeita quer por regulação europeia, quer pela regulação nacional, de ser a principal fonte de poluição do Tejo”, lembrando ainda que é uma empresa com mais de 50 anos de história “que sempre teve no seu espírito a adoção das mais modernas tecnologias e o respeito pela segurança e pelo ambiente”.
A empresa diz também que a poluição do Tejo é uma das suas maiores preocupações, lembrando que a sua atividade também está dependente do rio e, por isso, “sempre esteve disponível para o defender, identificar as fontes poluidoras e manter um mecanismo de análise continuado sobre a qualidade da água”.
Apoios Uma versão diferente da que é defendida por Arlindo Consolado Marques, que disse estar “triste e indignado com este processo”, tendo afirmado que o mesmo “pretende silenciar vozes incómodas num caso de autêntico terrorismo psicológico”.
Segundo Arlindo Marques, “os casos de denúncia de situações de poluição têm aumentado de visibilidade graças ao trabalho de cidadania dos populares e do movimento proTEJO”, tendo afirmado que “toda a gente vê, toda a gente sabe que a poluição vem de lá”, referindo-se a Vila Velha de Ródão.
O Bloco de Esquerda já veio manifestar a sua solidariedade ao revelar que “o processo revanchista agora lançado contra Arlindo Marques visa intimidar todos os que cumprem o seu dever de cidadania, ao denunciarem infrações ambientais. Só pode merecer a condenação de todos os cidadãos e cidadãs que defendem um Tejo limpo e um ambiente preservado”.
Também a Assembleia Municipal de Mação, município do distrito de Santarém, já se pronunciou sobre este processo, tendo aprovado, em dezembro, por unanimidade, uma moção denominada “Arlindo Marques atuou como porta-voz de Mação” e que visa apoiar financeiramente a defesa judicial do ambientalista. “Esta Assembleia Municipal solidariza-se com o Arlindo Consolado Marques, verdadeiro guardião do rio Tejo, que tem atuado como legítimo porta-voz da população do concelho de Mação e de todos aqueles que se preocupam com o rio Tejo. Os membros desta Assembleia Municipal consideram que uma ação contra Arlindo Consolado Marques é uma ação contra todos os cidadãos de Mação”, diz o texto.