Fundador do CDS, ministro do PS, advogado ao lado de um distinto barrosista (José Luís Arnaut), Rui Pena, falecido ontem vítima de luta prolongada contra um cancro, foi aclamado em unanimidade por figuras políticas de todos os quadrantes. Esteve, afinal, no berço da iii República. Do governo à Presidência, da Assembleia da República ao seu partido, vieram votos de pesar pela perda.
António Costa, no Twitter, escreveu: “Foi com profunda tristeza que tomei conhecimento do falecimento do Dr. Rui Pena. Jurista ilustre, cidadão ativo e politicamente empenhado, em especial, no período fundador da nossa democracia, como deputado e ministro.”
Pena foi um dos primeiros ministros, em 1978, com a pasta da Reforma Administrativa (na coligação PS/CDS, e também presidente do grupo parlamentar do CDS no pós-25 de Abril. José Ribeiro e Castro, ex–líder dos centristas, recordou–o nas redes sociais como um “herói” e recordou a sua prisão política no tempo do PREC. Pena abandonaria o partido no tempo do “portismo” (“Foi dos que não resistiram ao choque do PP com o CDS”, continuou Ribeiro e Castro) e voltaria à política, como independente, pela mão de António Guterres, sendo seu ministro da Defesa.
A atual presidente do CDS, Assunção Cristas, recordou-o, também ontem, como “perda profunda de um verdadeiro democrata-cristão, um Homem sábio e sensato, dedicado a Portugal e aos princípios éticos”, “um político com um grande sentido de Estado e um maior ainda sentido humanista”.
“Um dos impulsionadores da Aliança Democrática, europeísta e atlantista, foi sempre um democrata-cristão, acima e à parte dos partidos, um defensor de políticas reformistas pela inclusão social e contra a pobreza”, reza a nota.
Outro dos antigos líderes do CDS, Diogo Freitas do Amaral, em afirmações à agência Lusa, lembrou o companheiro de partido. “Era um grande amigo meu. Foi um aluno brilhante na Faculdade de Direito de Lisboa, foi fundador do CDS e esteve sempre presente nos órgãos dirigentes do partido de 1974 a 1982.”
Eduardo Ferro Rodrigues, hoje presidente da Assembleia da República, mas que conviveu de perto com Pena entre 2001 e 2002, disse também: “Além da nobreza do seu caráter, tive oportunidade de testemunhar as suas qualidades profissionais e cívicas e a sua dedicação ao serviço público no xiv Governo Constitucional, quando, entre 2001 e 2002, Rui Pena assumiu a pasta da Defesa Nacional, sendo eu ministro do Equipamento Social.”
Rui Eduardo Ferreira Rodrigues Pena nasceu em Torres Novas no ano de 1939 e estudou na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde mais tarde daria aulas. Lecionaria também na Universidade Autónoma de Lisboa e na Universidade Católica Portuguesa.
O velório foi ontem, pelas seis da tarde. O funeral, depois de uma missa às três de tarde de hoje, está reservado a familiares e amigos, segundo um comunicado da CMS Rui Pena & Arnaut. Será na Basílica da Estrela.