António Mexia está à frente da EDP há 12 anos e caminha a passos largos para o seu quinto mandato à frente da elétrica, mas é acima de tudo um sobrevivente. A sua origem é a de um banqueiro de investimento, teve uma breve passagem na política como ministro das Obras Públicas no Governo de Pedro Santana Lopes em 2004 – mas já tinha sido o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros entre 1986 e 1988 do Governo de António Guterres – mas a sua fama de gestor vem da liderança de grandes empresas na esfera do Estado, primeiro a Galp, depois a EDP, ou seja, setores que tendem a ser monopolistas.
Mexia não se importa com o tempo que está à frente das empresas, admitindo que não há prazos de validade. «Acho que não há prazos. Nem demasiado longos nem demasiado curtos. Não há limite enquanto for capaz de trazer energia, ambição, pessoas, novas ideias e de atrair capital para a empresa. Não há limite enquanto conseguir fazer com que o ‘oxigénio’ da organização seja melhor que o da concorrência. A pessoa tem de sentir que está entusiasmada e que tem energia para levar os projetos para a frente», revelou o gestor na altura em que estava a assumir o quarto mandato.
Para trás ficou o movimento Compromisso Portugal, lançado em 2004 – que organizou um megaevento no Convento do Beato – com Mexia a ser um dos principais rostos desta iniciativa ao lado de outros nomes como António Carrapatoso ( na altura presidente da Vodafone), Filipe de Botton e Alexandre Relvas (Logoplaste). Figuras mediáticas que tinham como objetivo pôr gestores na casa dos quarenta a mostrarem ao país que tinham ideias, propostas de soluções e verdadeiras reformas económicas para Portugal.
Braços de ferro
Mas Mexia não coleciona só sucessos profissionais. Pelo caminho ficam também alguns dissabores. Por exemplo, quando liderou a Galp, teve uma relação conflituosa com o então ministro da Economia, Carlos Tavares, porque este não concordava com a sua estratégia para a petrolífera. Nomeadamente a hipótese de saída da exploração do bloco 33 em Angola. Na guerra de poder no BCP, Mexia colocou-se ao lado de Paulo Teixeira Pinto e acabou acusado por Jorge Jardim Gonçalves de ter feito parte de um grupo de acionistas que esmagou o banco.
Já mais tarde, quando no Brasil rebentou o escândalo de corrupção do ‘Mensalão’, Mexia viu o seu nome arrastado para os jornais, por ter recebido, enquanto ministro das Obras Públicas, o consultor brasileiro Marcos Valério (pivô do esquema de corrupção, que teria conseguido a reunião com Mexia por intermédio do então presidente da PT, Miguel Horta e Costa). Em 2009, António Mexia teve de ir a tribunal em Lisboa testemunhar sobre a reunião com Valério. O processo acabou arquivado.
A par dos resultados da EDP, o seu nome aparece em projetos que o enaltecem. É o caso da fundação e o museu EDP, ícones da cidade de Lisboa, a par da sede da elétrica na capital.