Confrontada com indícios de que a produção de plástico no mundo se multiplicou 20 vezes desde 1964, que nos próximos 20 anos ainda vai duplicar o número atual e que até 2050 pode existir mais plástico nos oceanos que peixes, a União Europeia está a preparar uma estratégia para combater estes resíduos e forçar produtores a apenas fabricar plásticos recicláveis até 2030.
A prioridade, como explica ao “Guardian” o vice-presidente da Comissão Europeia, Franz Timmermans, é acabar com “os plásticos que se usam apenas uma vez, demoram cinco segundos a produzir, servem-nos para apenas cinco minutos e demoram 500 anos a decompor-se”.
Os números são alarmantes.
De acordo com a fundação da ex-navegadora Ellen McArthur, que se foca em temas de regeneração e economia ambiental, a cada minuto a carga de um camião cheio de plásticos é largada no oceano. Em 2030, estima-se que, em média, duas cargas de camião sejam largadas e, em 2050, que este valor atinja os quatro depósitos de plásticos nos mares a cada minuto.
“Num cenário em que nada se faça, espera-se que os oceanos contenham uma tonelada de plástico por cada três toneladas de peixe por volta de 2025, e, pelo ano 2050, mais plásticos do que peixes (considerando o peso de ambos)”, lê-se no estudo publicado em janeiro do último ano.
Estes materiais têm um impacto muito severo nos ecossistemas marinhos, agarrando-se a aves, peixes e mamíferos, sufocando-os, afogando-os e contaminando-os. O Homem também sofre comendo animais marinhos contaminados. Bruxelas quer sobretudo acabar com os plásticos usados nas palhinhas de beber e em garrafas de sumo coloridas.
A UE planeia investir 350 milhões de euros ao longo do próximo orçamento em programas de modernização da produção de plásticos e ainda 100 milhões de euros em investigação. “Vamos sufocar em plástico se não fizermos nada. Quantos milhões de palhinhas usamos todos os dias na Europa?”, reflete Timmermans.