A epidemia de sarampo em Portugal que em 2017 vitimou uma adolescente de 17 anos teve duas origens distintas. O presidente do Instituto Ricardo Jorge revelou que houve duas fontes de contágio: um doente do norte da Europa e outro de um país do leste. Portugal viria a registar 34 casos de sarampo. Itália e Roménia, com os piores surtos, somam já mais de 10 mil.
Em entrevista à Lusa, Fernando Almeida revelou que a epideia registada entre fevereiro e julho de 2017 resultou assim de dois subtipos do vírus a circular em simultãneo.
O responsável explicou que ao "fazer a caracterização genotípica", através da qual se identificam os vários tipos e subtipos de sarampo, foi possível concluir que nesta epidemia existiram dois subtipos de vírus do sarampo: um que começou no sul, no Algarve, e outro que começou na região de Lisboa. "Tecnicamente, apesar de ter havido uma coincidência temporal, foram dois surtos que aconteceram", disse.
Fernando Almeida apelou ainda para a importância da vacina. Quem teve "sarampo está, à partida, mais protegido do que aqueles que só tiveram contacto com o sarampo através da vacina", explicou. "As mães que antigamente tinham sarampo transmitiam ao feto esses anticorpos e eles já saíam com alguma defesa reforçada». Hoje, "a maior parte das mães não teve contacto com o vírus", salientou o presidente do Instituto Ricardo Jorge.
De acordo com os últimos dados do Centro Europeu de Controlo e Prevenção de Doenças, atualizados este mês, Itália e Roménia registam as piores epidemias de sarampo, com um total de mais de 10 mil casos nos últimos meses. Em Portugal foram reportados 34 casos de sarampo e não há diagnósticos positivos desde maio. Ao todo, no último ano foram reportados a nível europeu 14 393 casos de sarampo.