O novo presidente da Mesa do Parlament tem que decidir nas próximas duas semanas se vai permitir que o ex-president da Catalunha, Carles Puigdemont, seja reinvestido à distância e se ele e os seis ex-ministros exilados em Bruxelas têm direito a votar na nova legislatura como fazem os três deputados ainda detidos em Madrid.
Em relação ao segundo tema, registaram-se esta quinta-feira progressos: o Junts per Catalunya entregou já os documentos pedindo a delegação do voto de Puigdemont e dos outros dois deputados do seu partido em Bruxelas. Sobre a primeira interrogação, muito mais espinhosa, apenas há esboços de soluções.
Puigdemont quer ser reeleito president e a maioria independentista também o defende. As vias que tem para o fazer são, no entanto, irregulares. Ou se vê eleito por via “telemática” – eletrónica – ou delega a presença no debate de investidura, a realizar-se obrigatoriamente até ao fim deste mês.
Permiti-lo ou não é uma decisão que pertence a partir de quarta-feira a Roger Torrent, o presidente da mesa, a quem o Junts per Catalunya tenta convencer a apanhar um avião até a Bruxelas e discutir esses cenários com o exilado.
Torrent indicou esta quarta numa ronda de entrevistas que, se os partidos maioritários independentistas indicarem o nome de Puigdemont para president no ciclo de consultas que começaram esta semana, pode mesmo ver-se obrigado a viajar até Bruxelas.
O porta-voz do Ciudadanos, o maior partido na nova legislatura, já repudiu a hipótese. Carlos Carrizosa afirmou esta quarta-feira que o partido de centro direita não aceitará “que se use dinheiro público para que o presidente do Parlament vá a Bruxelas visitar uma pessoa fugida da justiça”.
A vice-presidente do governo espanhol, Soraya Sáenz de Santamaría, complicou esta quarta as hipóteses catalãs. Segundo disse aos jornalistas, o governo de Madrid não aceitará devolver os poderes regionais ao govern e Parlament caso o novo líder regional catalão não compareça em pessoa. Puigdemont, assegurou, “não vai ser presidente da Generalitat”.