Os guardas prisionais da quarta maior prisão francesa, em Fleury-Mérogis, a sul de Paris, e a polícia anti-motim entraram em confrontos na passada noite. Os polícias lançaram gás lacrimógeneo em resposta à construção de uma barricada e queima de pneus à porta das instalações pelos cerca de 150 guardas prisionais em greve. O objetivo era impedir, segundo os grevistas, os fura-greves de entrarem na prisão.
A polícia anti-motim entrou em contacto direto com os grevistas, dispersando-os para permitir que os outros guardas prisionais pudessem entrar nas instalações. "A polícia carregou e disparou gás lacrimógeneo contra nós, mas tentámos resistir", disse um jovem grevista de 28 anos à AFP.
As tensões têm aumentado significativamente nos últimos dias. Na quinta-feira, cerca de 120 presos recusaram voltar para as suas celas depois do passeio do meio-dia no pátio interior. A administração da prisão foi obrigada a pedir a intervenção de equipas prisionais de intervenção especiais. Os seis presos que alegadamente lideraram o protesto foram encaminhados para a solitária. Esta sexta-feira, dois guardas foram atacados por prisioneiros na prisão de Borgo, na Córsega, segundo o ministro da Justiça francês.
Entretanto, o presidente francês, Emmanuel Macron, já prometeu delinear um plano para todas os estabelecimentos prisionais até ao final de fevereiro, respeitando as preocupações levantadas pelos guardas prisionais e sindicato.
A greve dos guardas prisionais foi convocada depois de um preso, ex-líder da Al-Qaeda, ter atacado três guardas prisionais com tesouras e lâmina de barbear numa prisão de alta segurança no norte de França. Rapidamente as considerações sobre as condições de segurança nos estabelecimentos prisionais tomaram conta do debate sobre o ataque.
Neste momento, 87 dos 188 estabelecimentos prisionais encontram-se afetados pela greve, que já dura desde 11 de janeiro. Os guardas prisionais em greve protestam contra a "falta de consideração pelos guardas e ausência de equipamento, nomeadamente material de segurança nos estabelecimentos prisionais", segundo um comunicado do sindicato Force Ouvrière . Baixos salários, falta de recursos humanos e sobrelotação das prisões são outras das queixas dos guardas prisionais.