O Facebook já reconheceu, publicamente, que a Internet e as redes sociais não trazem só coisas boas, também há consequências negativas, por exemplo, para a democracia.
A empresa afirmou que as repercussões desta ferramenta na sociedade pode ser uma surpresa e resultar em vários problemas, como a capacidade de lidar com respostas.
Num texto, intitulado de “Perguntas difíceis: que efeitos têm os media sociais na democracia”, um dos gestores do Facebook, responsável pelo envolvimento cívico, Samidh Chakrabarti, expos e enumerou os problemas com que a rede social se tem debatido ultimamente, começando pelo facto de o Facebook ser utilizado como uma ferramenta de intromissão entre países – como aconteceu com as estratégias utilizadas pelos russos, que tinham o objetivo de influenciar as eleições nos EUA – passando por questões como notícias falsas e discursos de incentivo ao ódio.
“A cada ano que passa, o desafio torna-se mais urgente”, começou por escrever o responsável, adiantando que “o Facebook foi concebido originalmente para ligar amigos e família – e tem sido excelente a fazer isso. Mas, quando um número inédito de pessoas canaliza a sua energia política através deste meio, está a ser usado de formas não previstas com repercussões sociais que nunca antecipámos”.
A publicação do texto surge depois de vários momentos recentes em que o Facebook se questionou sobre o seu próprio impacto.
Recorde-se que, em dezembro, vários investigadores da rede social passaram em revista trabalhos académicos, com o objetivo de questionar se passar muito tempo nas redes sociais era mau, ou não. Em janeiro, Zuckerberg, fundador do Facebook, anunciou que a resolução de 2018 desta rede social era resolver ou melhorar os problemas desta ferramenta.
Passado uma semana, o CEO planeava fazer com que o tempo gasto pelas pessoas nas redes sociais fosse mais bem passado, ainda que isto trouxesse um impacto negativo, a curto prazo, para o negócio.
Agora, na semana passada, revelou que o Facebook vai criar uma lista de meios de informação de confiança, explicando que podem ser os próprios utilizadores a escolher as fontes de informação.
Assim, Samidh Chakrabarti reconhece que a rede social não foi suficientemente rápida a entender o impacto das estratégias russas: “Em 2016, nós no Facebook fomos demasiado lentos a reconhecer como os maus agentes estavam a abusar da plataforma. Estamos agora a trabalhar afincadamente para neutralizar estes riscos.”, declarou o responsável.
Chakrabarti admitiu também que a empresa não tem soluções para todos os conflitos que surgem. “Gostava de garantir que os [efeitos] positivos estão destinados a compensar os negativos, mas não posso. Isto é uma nova fronteira e não fingimos que temos todas as respostas.”