Autoeuropa. Trabalhadores das empresas fornecedoras também exigem creches

Há outras empresas que recorrem a infantários em formato alargado, mas sem recorrer a financiamento do Estado. É o caso da TAP e do Auchan.

Os trabalhadores das empresas do parque da Autoeuropa, fornecedoras da fábrica de Palmela, também querem apoios para porem os seus filhos na creche enquanto trabalham ao sábado e já pediram uma audiência ao ministro do Trabalho para expor esta situação e pedir igualdade de tratamento. A garantia foi dada ao i por Daniel Bernardino, porta-voz da Comissão de Trabalhadores do Parque Industrial, que dá uma explicação: “Sempre que a Autoeuropa muda de horário, as empresas fornecedoras, que contam com três mil trabalhadores, têm de seguir o mesmo exemplo e, neste caso, também vamos ter de implementar os horários ao sábado para acompanhar a produção do novo modelo.”

Esta exigência surge depois de a Segurança Social ter anunciado que já tinha identificado as vagas em IPSS onde os trabalhadores da Autoeuropa poderão deixar os filhos nos sábados de trabalho, garantindo o pagamento das creches nesses dias.  A Segurança Social irá compensar os encargos das IPSS através do “complemento de horário em creche” no valor de 503,59 euros mensais por criança à IPSS que gere a creche, garantiu ao i fonte do ministério. No entanto, este apoio irá durar “enquanto houver necessidades por parte dos trabalhadores”. 

Recorde-se que, em dezembro, após uma reunião conjunta entre o ministro do Trabalho, Vieira da Silva, a comissão de trabalhadores da Autoeuropa e a administração da empresa, o governo garantiu que iria assumir “responsabilidades em algumas dimensões”, como a criação e reforço de “equipamentos sociais de apoio à família”, para responder aos novos horários da fábrica. 

Caso não é inédito

De acordo com os dados do ministério, há 953 creches espalhadas por todo o país que já beneficiam do complemento ao horário alargado. Mas, no total, há 1862 creches com acordos de cooperação com a Segurança Social, o que implica que os acordos são concedidos em 51% dos casos. Só em 2017 foram aprovados mais 111 novos complementos de horário em creche, face aos já existentes antes da assinatura do Compromisso de Cooperação com o Setor Social e Solidário para o biénio 2017-2018. Confrontado com esta exigência por parte dos trabalhadores do parque industrial, fonte do ministério diz apenas ao i que “este acordo de cooperação não é exclusivo para os trabalhadores da Autoeuropa”. 

 Outros casos

A necessidade de recorrer a creches com horários alargados não é um problema apenas dos trabalhadores da fábrica de Palmela. O i sabe que há outras empresas que disponibilizam infantários com horários alargados, mas sem recorrer a IPSS. É o caso da Auchan, que criou há cinco anos os infantários Rik & Rok, em Alfragide e na Amadora, abertos até à meia-noite e meia, para os filhos dos seus funcionários (com capacidade para 150 crianças). 

O mesmo acontece com a TAP, mas com um serviço mais alargado. Aberto 24 horas por dia, 365 dias por ano, este infantário recebe cerca 300 crianças a troco de 11% do ordenado do pai ou da mãe, já a companhia aérea comparticipa com o restante valor.”Não tem qualquer tipo de financiamento do Estado ou da Segurança Social. Destina-se exclusivamente aos filhos dos colaboradores da empresa”, esclarece ao i fonte oficial da companhia aérea.