Madonna dá concertos de borla a Portugal

A cantora não cobrou  nada ao Estado português e fez o que campanhas de milhões não conseguiram.

Madonna é uma espécie de embaixadora de Portugal e, ao que se saiba, ninguém lhe encomendou o serviço. É-o de livre vontade e o país não teve de pagar um euro por isso. Logo, é uma mais valia publicitária e só temos de agradecer que a rainha da pop – à semelhança de tantos outros estrangeiros que optaram por viver no Algarve, Lisboa ou Porto – tenha decidido saborear uma espécie de pré-reforma neste cantinho plantado à beira mar. Quanto não teria o Governo ou a Câmara de Lisboa de pagar por uma campanha publicitária como esta? Quem não se recorda dos dois milhões, salvo erro, que foram deitados ao vento na célebre promoção do Allgarve?

Mas a estada de Madonna em Portugal começou com a histeria parola que nos caracteriza, para passar rapidamente a bruxa de serviço. Afinal, que sentido tem dar regalias à cantora, como abreviar a burocracia do visto de residência, gritou a turma esquizofrénica das redes sociais? A mais valia de divulgar o país pelo mundo justifica bem a cunha que colocou ao Ministério da AdministraçãoInterna. Madonna, quer se queira ou não, foi uma das principais responsáveis por o país ter ficado ainda mais na moda. 

Só que os portugueses têm tanto de bom como de mau. São um povo acolhedor, não chateiam muito, mas tornam-se invejosos e mesquinhos com muita facilidade. O que se lê nas redes sociais sobre Madonna revela bem o ressabiamento de muitos e demonstra que ainda nos falta um bom bocado para sermos os novos nórdicos da Europa. Nas escolas devia incentivar-se os jovens a não invejarem o próximo, e esta não é conversa de Igreja, e a valorizarem o sucesso. As novas gerações devem ser instigadas a terem carreiras bem sucedidas, a prestigiarem quem cria emprego e tem políticas salariais justas, e a afastarem-se da subsidiodependência do Estado. 

Como muito bem diz António Barreto nesta edição, o Estado deve é preocupar-se em proporcionar oportunidades iguais para todos, a partir daí deve ser cada um por si. Um preguiçoso deve ser compensado da mesma forma que alguém que se aplica e esforça por ser uma mais valia? Um invejoso deve ser acolhido numa empresa da mesma forma que alguém que procura subir pelo seu mérito? Não me parece.