Está quase tudo em aberto para a cerimónia desta terça-feira no Parlament catalão, na qual a maioria independentista quer investir Carles Puigdemont de novo como presidente da região autonómica, embora não saibam, e tenham bastantes razões para duvidar, se o político catalão se encontra em condições de sair de Bruxelas e regressar a Barcelona sem ser detido e encarcerado preventiva e incondicionalmente, como ocorre até à data com o seu antigo vice-presidente Oriol Junqueras. Este mesmo viu-se esta segunda-feira de novo impedido pelo Supremo Tribunal espanhol de abandonar a prisão para assistir à cerimónia de investidura.
Os independentistas catalães – com a exceção da CUP – ainda garantiam esta segunda que apenas pretendem investir um candidato a president e que esse candidato é Puigdemont. Mas o Tribunal Constitucional anunciou no fim de semana – e confirmou-o esta segunda publicando oficialmente a decisão – que Puigdemont não pode tomar posse à distância, por via telemática ou sequer delegar o seu voto a outro deputado. A decisão aplica-se aos ex-ministros catalães reeleitos deputados que, entre a última semana e esta segunda, pediram a renúncia ao seu assento de forma a permitir que na sessão desta terça a aliança independentista tenha a maioria absoluta conquistada em dezembro – o Tribunal Constitucional afirmou que fundamenta a sua decisão em parte no desejo de facilitar as políticas do governo de Mariano Rajoy.
Esta terça-feira haverá maioria independentista, mas provavelmente não regressará Puigdemont. O Tribunal Constitucional deixou nas mãos do presidente do Supremo Tribunal a decisão de permitir que Puigdemont vá à sessão de investidura sem ser preso, mas até agora nada se ouviu de Pablo Llarena, e o cenário mais provável é o de que Puigdemont seja imediatamente preso assim que aterre em Barcelona. “Um senhor fugido à justiça, um senhor que quis unilateralmente liquidar a soberania e unidade nacional, evidentemente que não pode ser presidente de nada”, garantiu esta segunda o presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy.
O mais provável é que o novo presidente da Mesa do Parlament, Roger Torrent, adie esta terça a sessão de investidura do presidente do governo regional da Catalunha, mesmo que isso, em princípio, viole os regulamentos da formação governo. Torrent recebeu esta segunda-feira uma missiva de Puigdemont que tem o ar de um pedido de última instância e na qual o ex-president catalão pede “ajuda” ao presidente da Mesa e que este proteja os seus direitos de deputado e candidato ao governo regional, considerando que estes garantem imunidade diplomática e que assim só pode ser detido em caso de “delito flagrante”. Torrent consulta esta manhã os partidos no Parlament para tomar uma decisão sobre como proceder – ou não proceder – à investidura.