O presidente polaco, Andrzej Duda, disse que quer rever a lei sobre o Holocausto na Polónia para ilegalizar qualquer referência à cumplicidade polaca na morte de mais de seis milhões de judeus, ciganos e homossexuais. Críticos defendem que a intenção irá limitar a discussão sobre o envolvimento polaco no genocídio.
Ao longo das últimas décadas, a Polónia tem oficialmente declarado que não pode ser responsabilizada pelo Holocausto e que as vítimas foram assassinadas exclusivamente por alemães. Contudo, historiadores defendem que, apesar do país ter sido invadido pela Alemanha nacional-socialista a 1 de setembro de 1939, despoletando a II Guerra Mundial, existiram atos de cumplicidade entre cidadãos polacos e nazis. Os primeiros informavam os segundos sobre o paradeiro de judeus e outros alvos, além de polacos terem, em alguns casos, participado ativamente em massacres, como aconteceu em Jedwabne, onde centenas de judeus foram assassinados pelos seus vizinhos.
Entre as propostas de alteração que o presidente polaco quer levar avante, encontra-se a de que qualquer referência a "campos de morte polacos" poderá levar a três anos de prisão. Entretanto, as alterações têm de passar pelo Senado e serem ratificadas pelo presidente antes de entrarem em vigor, algo que não representará grandes dificuldades por o partido do presidente, o Lei e Justiça, ter a maioria absoluta no parlamento polaco.
Às críticas internas vieram-se a juntar as críticas externas. O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, criticou acerrimamente as intenções do chefe de Estado polaco, declarando que "não se pode mudar a história e o Holocausto não pode ser negado". Por sua vez, o ministro israelita da Educação e Assuntos da Diáspora, Naftali Bennett, acrescentou que "é um fato histórico que muitos polacos ajudaram no assassinato de judeus, entregou-os, abusaram e até mataram judeus durante e depois do Holocausto".
As pressões israelitas parecem ter surtido algum efeito. Em conversa telefónica, os ministros dos Negócios Estrangeiros israelita e polaco acordaram abrir um canal de diálogo para debaterem esta questão. Ainda assim, o presidente polaco não demonstrou qualquer indício de vontade em suspender o avanço das alterações à lei.