Dez factos sobre Gandhi que provavelmente desconhece

Gandhi no 70.º aniversário da sua morte

– Cuidou do seu pai quando este estava doente, mas ausentou-se da sua cabeceira no preciso momento em que o pai deu o último suspiro. Nunca se perdoou a si próprio por isso e o remorso durou para o resto da vida.

– Descobriu o vegetarianismo como doutrina em Londres, para onde foi estudar para se tornar advogado. Ainda assim, houve uma fase da juventude em que defendeu que os indianos, para poderem ter a força necessária para se emanciparem do Império Britânico, tinham de começar a comer carne. Mais tarde, com o filho às portas da morte, recusou abdicar dos seus princípios e dar-lhe carne de frango, que poderia tê-lo ajudado a convalescer. Ainda assim a criança sobreviveu.

– A família era tão tradicional que, quando Mohandas regressou de Londres, a mãe o obrigou a fazer um ritual de purificação por ter atravessado o oceano.

– No seu primeiro caso em tribunal sofreu um bloqueio e não conseguiu dizer nada, tendo de retirar-se.

– Casou-se com a mulher de sempre, Kasturba, quando tinha apenas 13 anos e ela 14. O casamento foi arranjado pelas respetivas famílias. O casal teve quatro filhos.

– Ainda jovem, decidiu dedicar-se a combater o Império Britânico com todas as suas forças. Mas quando rebentou a Primeira Guerra Mundial decretou uma pausa na luta por não querer aproveitar-se da fraqueza britânica, e pôs-se do lado do Império, conduzindo ambulâncias para transporte de feridos.

– Elevou o tear a uma espécie de símbolo de independência. Na época, a Índia importava tecidos de Inglaterra, mas se houvesse um tear em cada casa e os indianos pudessem fabricar os seus próprios tecidos, seria menos um aspeto em que estariam dependentes dos britânicos. O próprio Gandhi dedicava-se à tecelagem e usava uma espécie de manto de linho branco que se designava por dhoti. Por isso Churchill, que o odiava (embora o primeiro encontro entre ambos tivesse sido cordial, depois tornaram-se inimigos figadais, até porque Churchill era um defensor inflexível do Império), lhe chamou ‘faquir nu’. Foi também apenas com o dhoti que Gandhi se deslocou ao Palácio de Buckingham para ser recebido pelo Rei Jorge V, a pedido deste. A uma chamada de atenção de que o traje não seria adequado, Gandhi terá respondido: ‘As roupas que o Rei usa são suficientes para duas pessoas’.

– Imaginou a Índia como um país que reunia hindus, muçulmanos e pessoas de outras religiões. Mas não conseguiu evitar a partição do subcontinente em dois estados, o muçulmano (Paquistão) e o de maioria hindu (a Índia), como foi acordado entre Mohammad Ali Jinnah, o fundador do Paquistão, e Jawaharlal Nehru, o primeiro primeiro-ministro indiano.

– Nos últimos anos de vida dormia na sua cama uma secretária de confiança muito mais jovem. Chegou suspeitar-se que a teria violado, ou pelo menos praticado sexo com ela, o que nunca foi comprovado. Aliás, Gandhi confessou um dia ter tido uma ejaculação, o que muito o envergonhou e pelo que pediu desculpa.

– No dia da sua morte, 30 de janeiro de 1948, estendeu-se ao sol, ouviu a leitura de jornais, recebeu várias pessoas e esteve a conversar com Sardar Patel, seu amigo chegado e um dos artífices da independência da Índia. Chegou dez minutos atrasado à oração, o que detestava. À sua espera estava  Nathuram Godse, um radical de direita que se aproximou dele e disparou três tiros. Dois meses depois da morte de Gandhi, Patel sofreu um ataque cardíaco, devido à tristeza provocada pela morte do amigo.

 

(Dados retirados da biografia escrita pelo seu neto, Rajmohan Gandhi, Gandhi – The Man, His People and the Empire)