A polícia iniciou esta terça-feira o processo de desocupação de um prédio em Arroios, em Lisboa, que tinha sido ocupado em setembro por um grupo de cidadãos que protestavam contra o avanço da especulação imobiliária.
O edifício pertence à Câmara de Lisboa e estava a ser ocupado por estas pessoas, que tinham como objetivo criar um polo de “habitação de urgência” no coração da cidade, como explicaram recentemente ao i.
Entretanto, a Assembleia de Ocupação de Lisboa – AOLX usou a sua página no Facebook para revelar os últimos acontecimentos: “A polícia municipal despejou os habitantes da casa ocupada da Rua Maques da Silva 69, não dando qualquer alternativa para assegurar o direito à habitação das pessoas em causa. Perante este despejo, a assembleia de ocupação de Lisboa tem pensadas várias acções para reivindicar o direito à cidade e à habitação. Entre elas uma petição que reclama um projecto de habitação comunitário”.
Os ativistas decidiram ocupar a casa não apenas para a “retirar das malhas da especulação”, como descrevem, mas também para “fazer dela um espaço de usufruto social”, lê-se na publicação de apresentação da ocupação na rede social Facebook.
Com esta ocupação, a AOLX pretende também mostrar que “há alternativas às formas predefinidas de gestão de espaços e de comunicação”, explicou ao i Joana, estudante de Belas Artes, há cerca de duas semanas. “Em termos de questões de ocupação e resistência a problemáticas sociais, é muito fácil as pessoas sentirem-se sozinhas e não conseguirem mudar as coisas”, acrescenta.
Porém, a realidade parece estar a mudar aos poucos, com alguns exemplos de reivindicação. “Nos últimos meses temos visto que, mesmo aqui em Lisboa, como em Alfama ou na Mouraria, as pessoas, juntas, conseguem resolver os problemas”, continua. “Enquanto há espaço e vontade, as pessoas podem juntar-se para questionar e criar espaços sociais” num “sentido de comunidade”, conclui Joana.