A reunião desta segunda-feira da Federação Nacional dos Prestadores de Cuidados de Saúde (FNS), que representa operadores privados da saúde, não resultou ainda numa posição conjunta contra os cortes nas tabelas de preços mediante as quais a ADSE paga às clínicas, consultórios e hospitais aos quais os beneficiários têm acesso. O facto de algumas associações representadas na FNS não terem recebido a documentação pedida à ADSE sobre as alterações de preços em cima da mesa torna impossível, para já, uma posição conjunta. Segundo o i apurou, a perspetiva do setor é que a ADSE queira agora negociar os valores antes de publicitar as tabelas.
A polémica da revisão de preços estalou há duas semanas, quando foi conhecida a intenção da ADSE de avançar com novas tabelas já em março. A documentação foi entregue em papel à Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP), que integra a FNS e representa os hospitais privados, a 18 de janeiro, e a associação disse em comunicado que o documento foi apresentado como um facto consumado, com as alterações a representar um corte de 10%, incompatível com a manutenção dos elevados padrões de qualidade e amplitude de acesso.
Em entrevista ao “SOL” na edição deste fim de semana, Óscar Gaspar, presidente da APHP, remetia uma posição conjunta dos operadores privados para a reunião da FNS, rejeitando porém um boicote geral à ADSE caso as tabelas viessem a entrar em vigor, mas admitindo rescisões. Do lado dos hospitais privados, deixou a garantia de que, caso não haja um recuo, será desenhada uma alternativa para que os beneficiários não percam o acesso aos médicos e hospitais a que estão habituados.
O presidente da ADSE anunciou haver abertura para negociações mas, até ao momento, não há qualquer reunião agendada quer com a APHP quer com a FNS.
No fim de semana foi tornado público que os hospitais privados apresentaram a 17 de janeiro uma providência cautelar de suspensão de normas do atual regulamento – “regras, procedimentos e tabelas de preços da rede ADSE” –, garantindo, porém, que esta ação não tem a ver com a contestação aos novos preços. “A proposta apresentada é inaceitável, mas mantemos disponibilidade para chegar a um entendimento sobre uma “tabela de preços” atualizada e revista em consonância com a medicina moderna, em prol da sustentabilidade da ADSE e sem colocar em causa a relação de parceria com os operadores privados”, disse a associação em comunicado.