A Autoridade da Concorrência (AdC) que, na semana passada anunciara uma investigação aprofundada à compra da Media capital pela Altice, está com “sérias dúvidas” em relação a essa fusão, pelas consequências que poderá trazer às operadoras concorrentes.
Por seu lado, o grupo francês dono da MEO relativiza as preocupações e revela-se disponível para colaborar com as autoridades no sentido de desfazer qualquer preocupação com a compra da dona da TVI por 340 milhões de euros
Segundo a decisão preliminar da passagem a investigação aprofundada, revelada ontem pelo “JdN”, o negócio “suscita sérias dúvidas” à AdC no que diz respeito “à sua compatibilidade com o critério estabelecido no n.º3 do artigo 41.º da Lei da Concorrência”. Ou seja, a operação pode afetar diretamente as empresas concorrentes.
“Existem indícios de que a entidade resultante da operação de concentração terá a capacidade e, provavelmente, o incentivo, para implementar uma estratégia de encerramento dos mercados retalhistas de televisão por subscrição e multiple play”, lê-se no documento da AdC.
A concorrência lembra ainda o facto de a TVI ter um papel “relevante”, uma vez que é um dos canais líderes no mercado. Por isso, caso o seu acesso fosse condicionado à concorrência, isso iria “configurar um decréscimo da qualidade da experiência de visualização”.
Preocupações usuais
Em resposta oficial à comunicação social, a Altice argumenta que “as preocupações vertidas na notícia [do “Jornal de Negócios”] não constituem novidade e são usuais em processos anteriores noutros mercados, tendo a Altice respondido sempre positivamente às mesmas”.
O nota da empresa gaulesa refere ainda que a “a Altice colaborará com a AdC na resposta às suas preocupações, tendo em vista a boa conclusão do processo decisório sobre a transação”.
Segundo a dona da MEO, a decisão é “relevante para a subsistência do setor dos media e, logo, do futuro da Media Capital, num ambiente de mudança acelerado em que vivem os media e os consumidores”.