Se a lógica dos afectos pegar, dentro de uns anos não haverá político que deixe a casa sem estar preparado para receber muitos ossos em cima e ir pondo o selo de um beijo nas muitas bochechas que lhe surjam pelo caminho. E se isto levará os políticas a andarem pelas ruas numa permanente campanha, é possível também que se comece a avaliar os candidatos pela largura dos seus ombros, pois a cada tragédia haverá muita gente a precisar de um onde ir chorar.
É neste campeonato que o actual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, se revelou um trendsetter de uma eficácia só ao nível do primeiro ministro António Costa no que toca a jogadas de bastidores. Mas tudo tem um preço, e no que toca a cobradores, o humor é dos primeiros a avançar para a colecta.
Alexandre Martins, que se assume como "orador motivacional deprimido", com "cinto negro em budismo", tem uma página exibindo os seus pergaminhos no que toca ao corte e costura da fotomontagem, alimentando a insaciável necessidade das redes sociais por memes, essas imagens que muitas vezes funcionam como cápsulas que atingem o nervo do humor, e soltam as endorfinas da gargalhada geral.
A mais recente série do artista de fast food situacionista chama-se "Marcelo a consolar obras de arte", e talvez seja uma das melhores ideias para um exposição que já sabemos que vai passar ao lado do Museu da Presidência. O certo é que um Presidente que cavalga a crista da onda de cada aluvião como das sucessivas tempestades em copos de água da vida pública nacional já merecia uma homenagem destas.