Raul Schmidt foi detido em Lisboa em 2016 a pedido da justiça brasileira e desde então correu nos tribunais o processo de extradição. Quando a decisão definitiva chegou, as autoridades não o encontraram na sua casa, em Lisboa, – o suspeito estava obrigado a apresentações periódicas na esquadra – e a PJ iniciou um conjunto de diligências para conseguir localizar Schmidt. Estava no Sardoal, em casa de uma advogada estagiária, apurou o i.
A detenção do suspeito aconteceu no passado sábado às 14h30. O i, que revelou essa informação, sabe agora que o suspeito foi surpreendido pelos inspetores da Judiciária em casa de uma estagiária que trabalha para o seu advogado, Pedro Delille.
Uma fonte da PJ referiu que foram feitas diversas diligências para conseguir localizar o suspeito, adiantando que após a detenção aguarda-se apenas a sua extradição para o Brasil, não havendo já lugar a qualquer recurso ou expediente por parte da defesa de Raul Schmidt.
O i tentou ontem sem sucesso contactar Pedro Delille, que contrariou sempre a tese de que o seu cliente estivesse foragido, bem como a de que o processo tivesse transitado em julgado.
No último mês, Schmidt conseguiu ver reconhecida a sua nacionalidade de origem (ao abrigo da nova lei da nacionalidade) e tentou com isso travar o processo de extradição. Isto porque os portugueses de origem não pode ser extraditados.
A ministra da Justiça – responsável pela decisão administrativa de admissibilidade do pedido do estado estrangeiro – considerou, no entanto, que não podia voltar atrás uma vez que a sua decisão foi tomada quando Schmidt ainda não era português de origem. E os tribunais também não consideraram relevante para o desfecho deste caso que o arguido tivesse conseguido o averbamento de nacionalidade originária.
Pedro Delille, advogado de Raul Schmidt, negou desde o primeiro dia à imprensa ter conhecimento de que o caso tivesse transitado em julgado, garantindo que nem isso poderia ter acontecido dado ser impossível a extradição de um português de origem. Garantiu também que o seu cliente se encontrava no país, nunca se tendo ausentado da sua residência, e que cumpriu as medidas de coação a que estava sujeito.
Raul Schmidt vai agora responder perante a justiça brasileira pelos crimes de corrupção, branqueamento de capitais e organização criminosa. É suspeito de ser o intermediário de subornos que foram pagos a alguns ex-diretores da Petrobras, como Nestor Ceveró, Renato de Souza Duque e Jorge Luiz Zelada. A Operação brasileira Lava Jato investiga precisamente o desvio de recursos da petrolífera estatal Petrobras.