A rede social Facebook decidiu alterar o algoritmo de alcance das publicações e as reações não se fizeram esperar. O jornal brasileiro Folha de São Paulo anunciou ontem que deixará de partilhar os seus conteúdos na rede social, apesar de continuar a manter a sua página.
O Folha de São Paulo, "o maior jornal brasileiro na rede social" com "5,95 milhões de seguidores", afirmou que esta alteração "reforça a tendência do usuário a consumir cada vez mais conteúdo com o qual tem afinidade, favorecendo a criação de bolhas de opiniões e convições, e a propagação das 'fake news'". Em consequência, o jornal considera que o leitor terá acrescidas dificuldades em obter o contraditório, contribuindo para a homogeneidade das perspetivas sobre os acontecimentos políticos, económicos e sociais.
"A decisão é reflexo de discussões internas sobre os melhores caminhos para fazer com que o conteúdo do jornal chegue aos seus leitores, preocupação que consta do novo Projeto editorial da Folha, divulgado no ano passado", pode ler-se no comunicado da direção.
Esta decisão foi também tomada por a "importância do Facebook como canal de distribuição já vinha diminuindo significativamente antes mesmo da mudança do mês passado, tendência observada também em outros veículos". E deu um exemplo: "o volume total de interações (compartilhamentos, comentários e curtidas) obtido pelas 10 maiores páginas de jornais brasileiros no Facebook caiu 32% na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo dados compilados pela Folha".
Também o seu projeto editorial entrou em conflito com as diretrizes do Facebook: "As redes sociais, que poderiam ser um ambiente sobretudo de convívio e intercâmbio, são programadas de tal modo que estimulam a reiteração estéril de hábitos e opiniões preexistentes".
O jornal também denunciou as formas como a rede social tenta "cooptar" os meios de comunicação social. "O facebook tentou cooptar as empresas de mídia para seu projeto Instant Articles. Nele, os veículos transferem gratuitamente seu conteúdo para a rede social, sem direito a cobrar pelo acesso a ele, em troca de acelerar o carregamento das páginas", afirma o comunicado.
O jornal também manterá as suas contas nas redes sociais Twitter, Instagram e LinkedIn.