O partido de Emmanuel Macron – A República em Marcha (LRM, na sigla em francês) – foi sondado pelo Partido Popular Europeu para integrar as listas do grupo ao Parlamento Europeu nas eleições europeias do próximo ano.
Ao que o SOL apurou, o maior partido do Parlamento Europeu – que representa a grande família do centro-direita democrata-cristão – está sobejamente preocupado com o enfraquecimento eleitoral d’Os Republicanos (a antiga UMP), que nem chegou à segunda volta nas presidenciais – então disputada entre Macron e Le Pen – e que falhou também em impedir o partido do Presidente francês de conseguir uma maioria absoluta na Assembleia Nacional francesa.
Nesse sentido, o PPE, sabe o SOL, enviou diligências a altos responsáveis do LRM, tendo Macron óbvio conhecimento das mesmas, de modo a manter a sua supremacia no Parlamento Europeu sem perder força nas europeias a realizar em França em 2019 – um país de larga votação em candidatos eurocéticos na sua última ida às urnas.
Emmanuel Macron, todavia, encontra-se, apurou de igual modo o SOL junto de fonte europeia, algo «cético» em ver o seu movimento-convertido-em-partido aderir ao PPE, «demasiadamente conotado do ponto de vista ideológico» para um Presidente que se diz «nem de direita nem de esquerda, porque de direita e de esquerda».
«São olhados muito à direita desde a última crise na Europa do Sul. E isso, para um Presidente que quer reformar a França, é mau para a estabilidade social e para a relação com os sindicatos», observa a mesma, sob reserva.
Macron, que começou por ser conhecido (e elogiado) nos corredores de Bruxelas quando era assessor do Presidente François Hollande, tem apoiantes nos vários grupos partidários europeus, do já mencionado PPE aos Sociais-Democratas Europeus, dos Liberais do ALDE (com os quais tem o federalismo em comum) até aos Verdes.
A solução será, portanto, necessariamente heterodoxa. Uma cisão no ALDE, deixando os chamados liberais, mas trazendo os denominados democratas (dos quais fazem parte os parceiros parlamentares de Macron em França, do MoDem) é uma possibilidade igualmente já falada.
Também em Portugal, com a eleição de Rui Rio para a liderança do PSD, poderão dar-se alterações no posicionamento dos grupos partidários europeus.
Diversos apoiantes de Rio, como, mais celebremente, António Capucho, mas até alguns deputados em funções, são críticos da mudança do PSD, quando foi do ALDE para o PPE nos anos 90.
Se o alegado regresso ao centro do partido em Portugal também passará para a Europa, está por debater-se. Vontade não lhes falta.