O Bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, não esteve com meias palavras na sua oposição à criação de uma licenciatura em medicina chinesa pelo governo. “Atitude irresponsável”, “publicidade enganosa” e “induzir as pessoas em erro” foram as expressões que o bastonário utilizou, em declarações à Lusa, para expressar o seu desagrado.
Para Guimarães, esta nova licenciatura assenta em “práticas que não têm base científica”, constituindo “um perigo para a saúde e para as finanças dos portugueses” e induzindo-as em “erro”. O bastonário não tem dúvidas de que o governo está a ter uma “atitude irresponsável”, visto que a portaria irá aumentar a “publicidade enganosa” de forma “brutal”.
O representante dos médicos considera que esta iniciativa do governo, especificamente do ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, é mais um episódio que vem acentuar o descontentamento entre a classe profissional e deixou o aviso de que a Ordem irá refletir sobre “formas inéditas” para o demonstrar. “A ordem fica totalmente legitimada para liderar um processo de oposição firme de todos os médicos a uma política de saúde patológica que não serve os doentes”, considerou.
Posição bem distinta tem a Sociedade Portuguesa de Medicina Chinesa (SPMC), que, em comunicado, “manifesta o seu regozijo” pela publicação da portaria. Para a SPMC, este passo foi o culminar de anos de “esforços junto das entidades competentes”. “Esta regulamentação permitirá aos portugueses poderem passar a dispor de uma poderosa intervenção terapêutica, cada vez mais investigada e capaz de ajudar na saúde dos portugueses”, refere a Sociedade.