O Fundo Monetário Internacional (FMI) considera que a economia portuguesa está melhor, apontando como fatores positivos o crescimento económico, a subida do emprego e a melhoria do sistema financeiro, ao mesmo tempo que alerta para as vulnerabilidades que vêm do mercado de trabalho, do turismo, do imobiliário, do crédito malparado e ainda das finanças públicas.
No seu relatório da 6.ª Avaliação Pós-Programa de Assistência, o FMI aponta que a «economia portuguesa tem continuado a fortalecer, apoiada por uma conjuntura externa favorável e por uma aceleração, desde 2016, do crescimento económico e do emprego, o que contribuiu para resultados orçamentais em 2017 melhores do que os previstos». O fundo salienta ainda que a «estabilidade financeira melhorou e que os riscos a curto prazo são na maioria de natureza externa e parecem moderados».
Legados da crise
A maior estabilidade do setor financeiro, com a redução do crédito malparado, o reforço do capital dos bancos e a venda do Novo Banco são também destacados pela instituição liderada por Christine Lagarde, que aponta no entanto que «apesar do recente desenvolvimento económico positivo, permanecem legados da crise que são importantes. A dívida continua alta (mesmo por padrões europeus) e continua a ser uma fonte de vulnerabilidade». Além disso, ainda «há grandes volumes de crédito malparado no balanço dos bancos, que causam constrangimento à sua capacidade de conceder novos créditos para o investimento».
O FMI lembra ainda que a dívida pública, em 126% do PIB, é a terceira mais alta da Zona Euro e que «apesar de a expectativa que o rácio baixe para 108% do PIB em 2023, deixaria ainda assim Portugal exposto a subidas inesperadas das taxas de juro, a uma diminuição dos estímulos monetários que têm vigorado nos últimos anos e recessões cíclicas de Portugal ou dos seus parceiros».
O alto preço das casas, a dependência do turismo e o aumento dos salários sem moderação são outras deficiências apontadas pelo FMI, que pede a manutenção das reformas do mercado laboral.