A reação mais normal nos mercados é que quando as bolsas descem as taxas de juro desçam também, porque os investidores tendem a fugir dos mercados mais arriscados – os acionistas – procurando refúgio nos mercados de dívida de taxa fixa, fazendo assim descer as respetivas taxas de juro (na dívida de taxa fixa, quando o preço dos títulos sobe, fruto de uma maior procura por parte dos investidores, as taxas de juro descem, e vice-versa).
Isto é o que acontece em condições normais. Mas em Portugal, durante muito tempo, a normalidade esteve afastada dos mercados: quando a bolsa descia as taxas de juro subiam. Porquê? Porque quando existia instabilidade nos mercados, o que os grandes investidores faziam era vender tudo o que fosse português, quer ações quer títulos de dívida, e as vendas destes últimos provocavam a consequente subida das taxas de juro.
Hoje voltámos a ter condições normais: o índice acionista PSI 20 caiu 1,89%, e as taxas de juro da dívida portuguesa a dez anos desceram também, 0,04%, para 1,95%, fruto do maior apetite dos investidores pelo refúgio na dívida de taxa fixa.
Portanto, em termos do mercado acionista e do mercado de dívida pública, Portugal voltou a ser um país normal. Onde a situação não é normal, não só em Portugal, mas em todos os países da zona euro, é no mercado monetário, onde as taxas Euribor, de curto prazo (até 12 meses) continuam negativas. Isto é, quem empresta dinheiro recebe, no reembolso da dívida, menos dinheiro do que emprestou. Se bem que esta situação seja agradável para quem pede dinheiro emprestado – como é o caso da República Portuguesa, que se financia regularmente em dívida de curto prazo com taxas de juro negativas – esta está longe de ser uma situação normal, pelo que mais cedo ou mais tarde chegará ao fim.