Carlos Saturnino, o novo líder da petrolífera angolana, apresentou na passada quarta-feira, dia 28 de fevereiro, as contas da empresa e revelou que a dívida é de quase 4,9 mil milhões de dólares.
O presidente do conselho de administração da Sonangol adiantou, em conferência de imprensa, os resultados preliminares da auditoria realizada às contas da empresa pública de petróleos angolana, que começou em dezembro e ainda não está concluída, indicando que a dívida atual é de cerca de 4,9 mil milhões de dólares.
Na mesma conferência, Saturnino aproveitou para tecer duras críticas à gestão de Isabel dos Santos, pelo facto de terem sido gastos, entre novembro de 2016 e novembro de 2017, 135 milhões de dólares em consultorias, tendo sublinhado que detetou “a existência de um número elevado de conflitos judiciais e arbitrais”.
A filha do antigo Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, já reagiu, em comunicado, às acusações feitas pelo novo presidente do conselho de administração da petrolífera angolana, revelando que foi com "espanto" que acompanhou todas as acusações "proferidas na Conferência de Imprensa da Sonangol 2018".
"Não posso deixar de demonstrar a minha total indignação com a forma como, sob o título de “Constatações/Factos” foram feitas acusações e insinuações graves, algumas das quais caluniosas, contra a minha honra e contra o trabalho sério, profissional e competente que a equipa do anterior Conselho de Administração desenvolveu ao longo de 18 meses.", refere Isabel dos Santos.
Além disso, a antiga presidente do conselho de administração afirmou que "após apenas 4 slides muito genéricos e superficiais sobre a performance da empresa e do sector petrolífero em Angola, a conferência de imprensa rapidamente deixou de se concentrar naquilo que deveria ser o seu propósito: analisar a empresa, e detalhar o plano de reestruturação da Sonangol e do sector, que tanto necessitam, dando continuidade ao processo de transformação e reestruturação iniciado pelo anterior CA, e conforme instruído pelo Executivo.", acrescentou, referindo ainda que houve um "ataque directo ao anterior Conselho.
Isabel dos Santos explica na mesma nota que não vai deixar passar as acusações em branco, e que irá tomar devidas medidas. "Gostaria de lhe deixar claro que não deixarei de tomar todas as medidas, e encetar todas as providências legais, adequadas e necessárias à protecção do meu bom nome e defesa dos meus direitos."
A filha de José Eduardo dos Santos, ao longo do comunicado, referiu algumas das acusações feitas por Carlos Saturnino, e fez questão de dizer que "as acusações e insinuações proferidas, além de falsas, servem para atiçar um clima de instabilidade e desconfiança, que prejudica a Sonangol, e desvia as atenções daquilo que certamente é a preocupação fundamental".
"O investimento realizado em consultoria foi o mais baixo até a data, e traduziu-se em valor acrescentado, e com impacto concreto na rentabilidade da Sonangol, tendo sido identificadas mais de 400 iniciativas de redução de custos (programa Sonalight) e mais de 50 iniciativas de aumento de receitas (programa Sonaplus), as quais conjuntamente permitiram melhorar os resultados da Sonangol em USD 2.2 bi.", explica a antiga administradora.
"As tentativas de Carlos Saturnino de reescrever a história são consequência, no meu entender, de um retorno em força da cultura de irresponsabilidade e desonestidade que afundaram a Sonagol em primeiro lugar. O grau de agressividade e as campanhas difamatórias reproduzidas, e em perfeita coordenação com os órgãos de imprensa da oposição, e com as oficinas de manipulação das redes sociais, demostram que há um verdadeiro nervosismo em alguns meios.", continua Isabel dos Santos.
No final do comunicado, a filha do antigo líder de Angola indica ainda que existe "uma campanha generalizada e politizada" contra si, explicando que tudo não passará de um "retorno de interesses das pessoas que enriqueceram bilhões à custa da Sonangol".
"O problema da Sonangol não é e nunca foi Isabel dos Santos, mas sim a irresponsabilidade da gestão e das entidades que beneficiarão de contratos leoninos e ganharam milhões, e hoje esperam poder continuar a gozar e viver desta prevaricação.", termina a filha do antigo Presidente de Angola.