O investimento no corredor ferroviário internacional sul, que ligará os portos de Lisboa e de Sines a Espanha, é “a maior obra de linha ferroviária nova dos últimos 100 anos” e “é simbólico do novo momento que vive a economia portuguesa”, afirmou ontem o primeiro-ministro, António Costa, na estação de comboio de Elvas, no lançamento do concurso para o troço Évora-Elvas e o começo dos trabalhos do troço Elvas-Caia.
Desde que o projeto do comboio de alta velocidade de José Sócrates foi posto na gaveta por Passos Coelho e considerado “tabu” por Costa, que não se falava em investimentos tão avultados no sector do caminho de ferro em Portugal: a obra vai custar 509 milhões de euros, destes, 277 milhões serão financiados por fundos nacionais e 232 milhões pela União Europeia – do Portugal 2020 e dos fundos destinados às redes transeuropeias.
Uma semana depois de o Bloco de Esquerda ter realizado umas jornadas parlamentares assentes na exigência de um maior investimento na rede ferroviária nacional, o governo anuncia uma obra de grande investimento público que, disse, “vai ajudar a sustentar” o crescimento económico que permitiu ter o “défice mais baixo em 43 anos de democracia”.
Para Costa, “este investimento público vai ajudar a sustentar este crescimento económico que tem estado assente, sobretudo, no investimento privado e nas exportações”.
“Chegou a hora de apostar no investimento público”, acrescentou o primeiro-ministro, destacando que 2018 será “o ano em que o Plano Ferrovia 2020 entra em velocidade de cruzeiro”. Ao todo, serão investidos dois mil milhões de euros nas obras que se irão estender ao longo de 1200 quilómetros de via. Sendo precisos construir 105 quilómetros de via férrea entre Évora e a fronteira: 94 km até Elvas e mais 11 km até à fronteira do Caia.
Numa cerimónia que contou com a presença do chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, e a comissária europeia dos Transportes, Violeta Bulc, Costa sublinhou que esta ligação ferroviária “significa reduzir em 30% os custos” daqueles que recebem as mercadorias nos portos de Sines, Setúbal e Lisboa. A distância encurta-se em 140 km e o tempo de transporte diminui três horas e meia.
Rajoy considerou as obras agora iniciadas pelo governo portugês como “excelentes notícias”, pois permite aumentar as ligações ferroviárias entre os dois países e, com isso, o comércio de mercadorias.
Um dos objetivos previstos na cimeira luso-espanhola de maio do ano passado era o desse incremento no comércio e a dinamização da zona fronteiriça entre os dois países, que poderá beneficiar da criação de zonas logísticas e industriais. É um corredor chave e “é fundamental que a abordemos com determinação”, disse Rajoy, porque “tem efeitos positivos em termos de cresceimento de criação de emprego”.