No final da semana passada, e depois de andar num carro da Fórmula E durante o ePrix da Cidade do México, a ex-piloto espanhola Carmen Jordá gerou uma onda de indignação após ter defendido que aquele campeonato era a categoria ideal para as mulheres que querem vingar no automobilismo. A razão? O facto de o campeonato da FIA que se caracteriza pelos carros 100% elétricos exigir menos esforço físico comparativamente com a F1 e F2. A polémica não demorou a estalar, mas é certo que as palavras daquela que é um dos rostos principais da Comissão de Mulheres no Desporto a Motor da FIA ganharam outra amplitude depois de a colombiana Tatiana Calderón ter sido anunciada como a nova piloto de testes da Sauber, equipa suíça que integra a principal prova de automobilismo do mundo, como noticiou o i de ontem.
Tendo em conta toda a revolta e controvérsia em torno da opinião de Jordá, que foi também piloto de desenvolvimento da Lotus e da Renault entre 2015 e 2016, a espanhola sentiu necessidade de se justificar.
“Nunca quis desencorajar as mulheres” No Dia Internacional da Mulher, celebrado ontem, Jordá recorreu às redes sociais para se desculpar. Num longo texto, a espanhola assegurou que quando falou na existência de uma “barreira física para as mulheres na Fórmula 1”, posição que “criou um debate considerável”, se baseou na sua experiência pessoal e que em momento algum quis desencorajar as mulheres que sonham competir no “pináculo do nosso desporto”. “Dei a minha opinião pessoal de que a Fórmula E apresenta um desafio físico menor do que a Fórmula 1 devido à menor pressão aerodinâmica.”
“Nunca tive a intenção de desencorajar outras mulheres de competirem no pináculo do nosso desporto ou de dizer que elas fisicamente não conseguem. Os meus comentários foram puramente uma resposta à pergunta direta ‘pensa que a Formula E seria mais fácil para as mulheres?’”, pode ler-se.
Esta não é, porém, a primeira vez que Jordá está no centro das atenções por razões deste tipo. A mulher que teve um 13.o lugar como melhor marca em três anos de corrida no GP3 chegou a defender a criação de um campeonato inteiramente feminino, conceito que também não foi bem recebido por parte do público.
F1 sem mulheres no grid desde 1976 Calderón é, até ao momento, a única piloto de testes oficializada pela Sauber, o que leva a crer que a colombiana de 24 anos pode ter a sua estreia na presente temporada da F1, que arranca este mês na Austrália. Se tal acontecer, a jovem piloto, que além da sua nova função também corre na categoria GP3, pode ser a primeira mulher no grid volvidos 42 anos. A última aparição foi da italiana Lella Lombardi no Grande Prémio da Áustria de 1976.